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Na UTI Tenho que Me Transformar em Lavoisier

Meu pai na UTI e eu ouvindo batatadas.  Sorte é que na cozinha e nas palavras/frases sou meio Lavoiseir:  não perco nada, crio um pouco e transformo absurdos em piadas (frases) e diversas comidas de dias anteriores  em comidas melhores ainda.

Ouça o que me enfiaram tímpano a dentro, na UTI,  outro dia:

– Eles deixam essas luzes bem fortes, fica todo mundo conversando para os doentes se sentirem com se estivessem  vivos.

Eu expliquei o óbvio:

– Mas eles estão vivos!!!

Acho que a pessoa, mesmo depois da minha sofisticada explicação,   nem percebeu a asneira que  sapecou;  sem contar que  havia  matado meu pai por conta própria.

Mas sou Lavoiser ou, tal qual a Natureza para Lavoisier,  fiz frase para esse momento solene:

Lá vai:

Cuidado ao tentar fazer alguma figura de linguagem para não pintar triste figura de si próprio.

Dá para se lembrar do Ari Barroso transmitindo futebol pela rádio.  O jogador perna de pau tentava inventar e o Ari  lascava:

– Jogar pra frente já é difícil e esse  cara vai dar de trivela…

É o caso tipico dessa pessoa, mal sabe o bê-a-bá do português corrente  e já quer alçar vôos de Guimarães Rosa.

A esse respeito, pelo menos mais uma frase boa minha.  Aliás, essa frase,  apesar de não ser muito místico, acho que fiz assim:  eu estava quieto, pensando, apareceu o  Nélson Rodrigues,  e disse a frase no meu ouvido e ainda me instruiu como proceder:

– Vai Paulinho das Frases,  chuta e diz que é sua.

Lá vai a minha frase (quiçá do Nélson Rodrigues) que define bem o caso dessa pessoa  minha conhecida:

– A burrice dos burros fica estatelada quando eles querem ser inteligentes!!!

Há uma de domínio público que se aplica bem ao caso:

– A natureza limitou a inteligência, mas não limitou a burrice!!!

A pessoa autora da batatada vai ficar se achando: afinal, são muitas frases e concepções a seu respeito.  Será que ela merece???

Luís Fabiano Não Perdoa. Mata!!!

Corinthiano, mas, sobretudo,  apaixonado por letras, palavras e frases, como mais do que já deu para perceber.

E hoje vi torcedor com  camiseta do S. Paulo bárbára/ apaixonante.  Atrás, o  número 9 de centroavante e o nome da fera titular:  Luis Fabiano Clemente.

No peito: “Clemente Só No Nome”.

Repetindo, achei o máximo e pararia por aqui.  Mas é difícil parar de escrever.

Algum técnico da Seleção, provavelmente Dunga, não tenho certeza absoluta,  disse que naquele seu time só havia jogadores do bem, de bom caráter.   Jornalista gaiato comentou:

– Mas eu não quero jogador da seleção para casar-se com minha filha.  Quero jogadores matadores, tenham eles o caráter que tiverem.

E é  isso mesmo!!!  O importante para os “190 Milhões em Ação, Salve a Seleção”…, a pátria de chuteiras, como diria Nélson Rodrigues, é trazer a Copa, o resto é o resto.

É assim que pensa o torcedor.

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Na mesma linha.  Sujeito compulsivo por jogo/aposta está em uma rinha de briga de galos em uma cidade onde nunca estivera antes.  Vai começar uma briga e ele pergunta para o cara ao lado:

– Qual é o galo bom?

O outro diz que é o  manchadinho.

Viciado, aposta um monte de dinheiro no manchadinho.

O manchadinho leva surra homérica.

O forasteiro vai reclamar.

– Você me disse que o bom era o manchadinho.  Eu apostei tudo no manchadinho e ele perdeu.

O que lhe havia feito a indicação explica:

– Você me perguntou  qual era o galo bom.  O bom era o manchadinho.  Se você tivesse me perguntado qual era o malvado, eu teria dito que era o outro.

Luis Fabiano, seja sempre o  malvado pra cima dos beques, sem a mais mínima  Clemência!!!

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Para deixar claro que nada tenho contra Dunga, apesar de ele ter errado ao não convocar Neymar e Ganso para a última Copa,  clique aqui

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Gols/ Grandes Jogadas  de Luís Fabiano, clique aqui

Complexo de Vira-Lata é Coisa Antiga, Atesta o Leitor Sidney Barbosa

Uma vez mais, sinto-me obrigado a transformar comentário do do assíduo   leitor  e  divertido Sidney Barbosa  em Post.  Agora,  as perspicazes  teclas de seu computador  metralham o Complexo de Vira-Lata que acometeu até o nosso ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.   Particularmente, eu acho que esse acirramento do complexo de Vira-Lata tem menos de quarenta anos.   Digo, acirramento dos aspectos ridículos da coisa.  Já para o Sidney, isso é coisa dos tempos coloniais.  Acho que ele está certo e eu também.  Começou lá atrás fraquinho, mas hoje é avassalador e insuportável de tão rídiculo.

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Rápidas Considerações e Histórico do Complexo de Vira-Lata – Por Sidney Barbosa.

Mayr, vou brincar de escrever. Nelson Rodrigues era incrível, leia mais sobre o complexo de vira-lata que ele diagnosticou, (como um psiquiatra/analista de nossa sociedade classe média, nos contos “A vida como ela é”),  sobre o  qual ele  gostava de zombar:

“Ou expulsamos de nós a alma da derrota ou nem vale a pena competir mais. Com uma inferioridade assim abjeta, ninguém consegue nem atravessar a rua, sob pena de ser atropelado por uma carrocinha de Chica-Bon.” (artigo na Manchete Esportiva, 19/5/1956 – do livro “A pátria em chuteiras – Companhia das Letras).

Muitas vezes o cronista fazia esforço para levantar nossa auto-estima e usava e abusava da imagem do futebol:

“Olhem Pelé, examinem suas fotografias e caiam das nuvens. É, de fato, um menino, um garoto. Se quisesse entrar num filme da Brigitte Bardot, seria barrado, seria enxotado. Mas reparem – é um gênio indubitável. Digo e repito – gênio. Pelé podia virar-se para Michelangelo, Homero ou Dante e cumprimentá-los, com intima efusão: “Como vai, colega?”. (idem, crônica de janeiro/1959 – edição especial da Manchete Esportiva).

Esse defeito de caráter ataca e é celebrado principalmente a classe média brasileira e as pessoas que orbitam a sua volta, nas reuniões sociais onde se busca de “estatus”. Nesse ambiente onde um suspeita do outro, mas na qual gostam de comparecer e mostrar aos seus pares as suas conquistas materiais (carros, jóias, roupas, etc). Também é onde gastam um dinheiro que lhes faz falta para se confraternizarem com pessoas das quais não gostam.

O povo, o povo mesmo, esse que anda de busão, que trabalha, de mãos calejadas, roupas sujas da labuta, que mata um leão por dia para alimentar a família e manter a própria dignidade, ama, ama muito o Brasil e, nem um pouquinho se sente inferiorizado. Longe disso, este povo ama o seu povo e a cultura brasileira. Ama tudo o que é do Brasil, embora ele, governado por outros interesses, muitas vezes lhe faça mal. Mas é essa classe laboriosa que constrói a pátria, a cidadania e luta pelos seus direitos.

A classe que sofre de CVL, (formada em parte por pessoas que acham que um diploma universitário é suficiente para colocá-los no Monte Olimpo, mas não fazem esforço para galgá-lo – “cacête, que língua a nossa! Galgá-lo !!”), conhece o mundo através de pacotes turísticos de sete dias pagos em doze prestações, passa a vida a olhar aquele espelho e a se chamar entre si de “excelência”, enojada de nossas coisas.

Pois bem, se já não me perdi no diálogo, vamos em frente. CVL é coisa antiga. Vem lá da época colonial. “Ajunte-se a isto a natural desafeição pela terra, fácil de compreender se nos transportarmos às condições dos primeiros colonos… não havia pendor a meter mãos destinadas aos vindouros; tratava-se de ganhar fortuna o mais depressa para ir desfrutá-la no além-mar. … Desafeição igual à sentida pela terra nutriam entre si os diversos componentes da população” (“Capítulos da Historia Colonial” – Capistrano de Abreu – série Pensamento Brasileiro – Editora Itatiaia). Chega de citação, né !, tá ficando chato.

Daí que isso vem há tempo; e, de tempo em tempo aparece coisa nova pra aborrecer quem ama de fato o Brasil e que trabalha por ele e quer deixar para os filhos e netos algo melhor e mais igualitário do que recebemos.

Agora, encasquetaram com Lula e seu modo de falar. Como se não fosse normal que um presidente que veio do povo falasse a língua do povo. Mas essa mesma classe, (pseudo erudita, que ama o poeta Manuel Bandeira e lamenta que ele não escreva em francês),  esqueceram de ler o seu poema: “A vida não me chegava pelos jornais nem/ pelos livros./ Vinha pela boca do povo, na língua errada/ do povo./ Língua certa do povo./ Porque ele é que fala gostoso o português/ do Brasil./ Ao passo que nós/ o que fazemos/ é macaquear/ a sintaxe lusíana.”

Também não faz muito, a moeda do real copiou o dólar americano “In god we trust”. No Real colocaram “Deus seja louvado”. Contudo, nossa geração, que passou pelas diversas crises econômicas e sofreu os diversos planos econômicos queriamos mesmo que contivesse algo como “Is what God wants”, ou “Seja o que Deus quiser”.

Não vai aqui nenhuma critica à Deus e aos religiosos. Longe disso. Porque a este respeito, é nosso querido Nelson Rodrigues quem encerra o assunto: “O cara que não acredita em Deus merece passar a vida amarrado a uma perna de mesa, andar de gatinhas e condenado a beber leite numa cuia de queijo Palmira”.

Um abraço.

Sidney

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Mais algumas manifestações explícitas de Complexo de Vira-lata (CVL, para facilitar).   Há CVL na Ecologia, moda, negócios, entre milionários na praia, entre milionários no Campo, no Shopping,  Assolando Inteletuais e até duas honrosas exceções: Hering e Computadores  Positivo.  Clique aqui

O Complexo de Vira-lata é Absolutamente Democrático

Leio que o paraíso dos Milionários brasileiros, quando têm que se contentar em permanecer no país,  fica em Trancoso, sul da Bahia  e,   sintomaticamente,  foi batizado com o nome Jacumã Ocean Resort.

O Complexo de Vira-lata, do qual falava Nélson Rodrigues,  ” a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do mundo (…)  o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem”, como se vê,  é absolutamente democrático. Os pobres e humildes brasileiros batizam seus filhos com nomes de Jeniffer, Jefferson,  Anderson, Alison.  E os conterrâneos ricos botam esses nominhos babacas em   seus investimentos de milhões de reais.  É um verdadeiro atestado/recibo  de vira-lata rastejante

Publicidade Babaca Transforma Complexo de Vira-Lata em Complexo de Pangaré

É impressionante como a todo momento nos deparamos com o Complexo de Vira-lata do qual falava Nélson Rodrigues para explicar a “inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto mundo.  O brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima.” 

Particularmente discordo dele em relação à ultima frase.  Acho o Brasil, o brasileiro, nossa cultura fabulosos.   Mas sou exceção.   

Publicidade de um tal de Haras Larissa na primeira página do caderno Cotidiano da Folha de ontem deixa bem claro o  Complexo de Pangaré,  já que o produto é um haras. 

Em cima da propaganda que ocupa praticamente toda a página está escrito: Glossário do Haras Larissa.

A seguir,  sete fotos  e os terminhos em inglês:  Stable, club house, landscape, country Home, cottage, manor house e charm. 

Quer dizer, o freguês precisa de um dicionário para decifrar tanta babaquice. Aliás, dicionário inédito, já que não há plavras, apenas fotos.

 Anos atrás, havia um restaurante  hiper/ultra caro, que era o templo do novoriquismo e breguice.  Elegante parente bem próximo meu  definiu bem a coisa e roubo sua idéia.  Disse ele:  “não bastaria você me pagar um jantar nesse lugar, precisaria também me fornecer um disfarce, porque teria vergonha de ser visto.”

Roubando a idéia, se por qualquer razão eu comprasse uma coisa babaca dessas, teria vergonha que ficasse em meu nome e até de ser visto no club house, landscpape, cottage…

Para Inglês (Italiano) Ver(em)!!!

Bela   e competente executiva do setor de varejo faz boa explanação  sobre desempenho do setor e perspectivas.   Lá pelas tantas, solta um terminho em inglês,   cujo o significado sequer  imagino.  Absolutamente grudado ao terminho em inglês solta um Haviam (no sentido de existir) no lugar de havia.

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Saindo da reunião, no mais badalado shopping de S. Paulo,  uma belíssima Lamborguini Laranja chama a atenção.  Mais atenção, entretanto, me chama o paradoxo.   As medidas do comprimento, largura, e altura são escritas na tabuleta ao lado em milímetros.  É isso mesmo, MILÍMETROS!!!  O peso,entretanto, é informado em Quilos.         Ora, por óbvio, como diz um amigo meu, o mínimo de coerência determina que   o peso fosse  grafado em miligramas.

 Tudo isso é o resultado de um coquetel,  bem chacoalhado mesmo na coqueteleira,  de babaquice com o complexo de vira-lata do qual falava Nélson Rodrigues e que ainda não foi superado no nosso BraZil

Somos Mesmo Vira-Latas???

Achei lindo.  LÍQUIDO, o nome da Loja de maiôs (é uma rede).  Nome bonito,  e EM PORTUGUÊS.  Durou pouco minha admiração.  Aí eu vi a Placa toda:

Líquido – Praia e FITNESS

Ao lado, na Alameda Barros, uma loja de camisolas e pijamas femininos: Devaneios.  Também perfeito – porém com Y.

Será que algum dia comércio e consumidores vão se dar conta de que tudo isso é uma imensa CAFONICE???

Acho que era por essas e por outras – PRINCIPALMENTE POR ESSAS –  que Nélson Rodrigues dizia que o brasileiro tem complexo de Vira- Lata!!!