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Ponto e Vírgula

Para Alba Carvalho e Nilton Bustamante, queridos amigos.

Eu achava que não sabia usar vírgulas.  Aí o poeta Nilton Bustamante, querido amigo do Caiubi,  me apresentou para alguém é disse:

– Esse é o Paulinho das Frases, o homem que  coloca vírgulas com mais precisão que eu conheço.

Pois até aquele momento, tinha até uma frase para a insegurança que as vírgulas me causavam.

Lá vai:

– E as vírgulas, o que faço com elas???

Sai ganhando; já que   a desnecessária  insegurança “inspirou”  frase nova.

Algum tempo depois,  descobri que a coisa da vírgula é mais ou menos como a Música do Tim Maia:

– Vale tudo; só não vale separar sujeito de verbo e complementos nominais (substantivo de adjetivo, por exemplo; além de verbo e objeto).

Agora há pouco, escrevendo email para um amigo, sujeito meio temperamental, que anda bem sumido,   usei até um ponto e vírgula  e achei que ficou muito bem empregado.

Digo que estou à disposição para retomar troca de emails com ele, entretanto,  faço ressalva:

“Mas emails legais, sem cobranças; minha vida já tá muito estressante com a doença do meu pai e o inferno ….” (e digo para o amigo  o outro assunto que não vou repetir agora, para não me dar eventuais problemas extras e mais estresse ainda.)

Repetindo, acho que usei com perfeição o ponto e vírgula.

Ponto e vírgula, como todos  aprendemos, serve para pausas mais longas que uma vírgula e mais curtas do que o ponto.

Para você conhecer mais, peguei no Google a explicação de Sabrina Vilarinho, graduada em Letras.  Colo abaixo o que explica Vilarinho e ao final, deixo frase excelente da Amiga Alba Carvalho.  Mas não vale pular logo para a frase da Alba;  tem que aprender,  na verdade recapitular,   primeiro o ponto e vírgula.

“O ponto e vírgula não tem função nem de ponto final e nem de vírgula, mas é um intermediário entre eles. Ou seja, não há pausa total, nem breve, mas uma moderação entre as duas.

É usado:

Para separar itens em uma enumeração (comuns em leis):

Art. 1º A locação de imóvel urbano regula-se pelo disposto nesta Lei.
Parágrafo único. Continuam regulados pelo Código Civil e pelas leis especiais:
a) as locações:
1. de imóveis de propriedade da União, dos Estados dos Municípios, de suas autarquias e fundações públicas;
2. de vagas autônomas de garagem ou de espaços para estacionamento de veículos;
3. de espaços destinados à publicidade.

Observação minha.  Acima é o uso burocrático da coisa. Aliás, em termos de burocracia; o ponto e vírgula também é usado para separar os ítens de um considerando. Volto para explicação da Vilarinho que nos presenteia com belo trecho de Rubem Braga.

Para apartar orações coordenadas muito extensas ou que já possuam vírgula:

“Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida; sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer coisa boa.” (Rubem Braga)

Pode vir ainda substituindo a vírgula, a fim de se ter uma pausa um pouco mais longa. Isso acontece antes das conjunções adversativas (contudo, mas, porém, entretanto, todavia):

1. Quero sair mais com você; pois um casal precisa ter boas amizades.
2. Amanhã é dia de prova; porém não comecei a estudar ainda.

Talvez não seja fácil, sobretudo os dois exemplos exatamente acima,  mas também ninguém será tachado de nada ruim, caso se engane na colocação de um ponto e vírgula; a não ser, é claro, se, não satisfeito em separar com vírgula sujeito de verbo, verbo de objeto e complementos nominais, ainda se dê ao “desrequinte” de usar o ponto e vírgula.

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Muita teoria que você já leu, mais do que merece a perspicaz frase da minha Amiga Alba Carvalho.  Como se vê,  uma jornalista  que sabe das coisas.

“Sou uma mulher que usa o ponto e vírgula.” Alba Carvalho

E eu também tenho outra frase, que, pelo jeito não faz sentido,  já que suponho usar com certa propriedade o Ponto e vírgula.  Não me lembro a redação exata, mas é próximo disso:

“Ponto e vírgula???  Isso existe mesmo???

Adequações – O Talher de Peixe e o Ponto e Vírgula

Frase da minha amiga Alba Carvalho: Sou uma mulher que usa  ponto e vírgula*.

E eu, um sujeito que, mesmo sozinho em casa, usa os talheres de peixe para comer peixe.  Como eu digo1:  é o mesmo preço.  Como eu digo2: é nos detalhes que reside todo o charme.

O peixe fica mais gostoso e, no caso da Alba, os textos mais bem escritos.

Brilhante conferencista, conceituadíssimo professor da Unicamp, disse que talher de peixe é convenção boba, mera covenção.  Pode ser, mas acho indispensável; como também acho indispensável o ponto e vírgula ainda que eu viesse a saber que Machado de Assis era contra o seu uso.

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*Mais sobre o Ponto e vírgula (Aurélio Eletrônico):

Ponto e Vírgula (de acordo com a nova ortografia –  antes, era assim ponto-e-vírgula): Substantivo masculino. 1.Sinal de pontuação (;) que indica uma pausa mais forte que a da vírgula e menos que a do ponto final. [Pl.: ponto e vírgulas e pontos e vírgulas. Parece-nos preferível a 1a f. de pl., preconizada por Nélson Vaz.

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Daqui pra frente, junte-se a mim e  à  Alba: ponto e vírgula nos textos e talher de peixe para comer peixe.

COMO EMPATAR O JOGO COM UM ÚNICO CHUTE

De 23.07.07

Alba Carvalho, minha amiga, jornalista brilhante, se divertia com cada barbaridade que eu enumerava cometida por Regina, nova parente que haviam acabado de me arrumar.

Contei para Alba que nos primeiros três minutos de conversa com Regina já começaram os incidentes, na verdade desastres de relacionamentos. Quando ela me disse que seu filho havia se formado em prestigiada faculdade, onde estudaram alguns conhecidos meus, mostrando interesse e até para puxar assunto, perguntei em que ano.

Como se eu tivesse feito a maior das agressões, Regina me pediu, em tom muito severo, que nunca mais em minha vida eu lhe fizesse qualquer pergunta que ela pudesse achar que eu estava querendo descobrir sua idade. Complicadíssimo, né???

Alba se divertia, ria muito e disse:

– Um a Zero para a Regina.

Contei o segundo episódio.

Em uma festa, Regina, que estava sentada em uma poltrona a uns três metros da mesa de centro onde se encontravam antepastos, pega uma torradinha e pede que eu encha uma colher com champignon a provençal (preparado em um monte de azeite) e vá com a ínfima colher até a torrada. Argumentei que não podia fazer aquilo porque iria derramar azeite para todo lado. Brava, Regina se levanta, diz que fora insultada e anuncia que vai embora imediatamente. O pior é que não foi!!!

A Alba, rindo mais ainda:

– Dois a zero para a Regina.

E a cada insolência/ranhetice que eu contava, a Alba se divertia e ia anunciando o placar que só fazia aumentar para a “exótica” Regina.

-Bem, Alba, aí eu fiz uma frase em homenagem a ela – eu disse.

– Que frase???, pergunta a Alba:

Mandei a frase:

– “Minha atitude com mulher chata é muito simples: se não é o meu o pau que ela chupa, também não há de ser o meu o saco que ela vai encher.”

Alba rachou de tanto rir e decretou:
– Bem, com essa, você empatou o jogo. Parabéns!!!!