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Antiamericanismo de Conveniência – Por JOSÉ GIORDANO

Leitor assíduo,  sempre comentando todos os textos aqui publicados,  Giordano mandou email com seu artigo  – publicado no último dia 20  no Jornal O VALE da Região do Vale do Paraíba 

 Não parei ainda para pensar a respeito de tudo o que ele escreve.  De qualquer modo, posto aqui sua opinião a seguir.

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Aconchegado na ignorância e embevecido pela irracionalidade, uma enorme parcela de governistas parece considerar natural que a ideologia demagógica ocupe o espaço que deveria corresponder à sensatez e aplaude qualquer medida contra os Estados Unidos.

Quase todas as opiniões emitidas pelos petistas a respeito dos norte-americanos envolvem, direta ou indiretamente, a psicopatologia do subdesenvolvimento romântico: nós somos os coitadinhos, os explorados, os dominados; somos os escravos e a potência do Norte representa o amo e senhor; somos oprimidos pelo capitalismo internacional que suga os nossos recursos naturais e destrói as nossas raízes culturais mais profundas, já que o único interesse dos desumanos vilões do capital é que sejamos reduzidos a uma massa de consumidores e que nos tornemos insensíveis à sublime dimensão espiritual do ser humano…

Com certeza o enunciado do parágrafo anterior não passa de uma postura que não resiste a uma crítica racional. A coerência lógica é intencionalmente ignorada pelos míopes governistas que tudo fazem para satisfazer o desejo mórbido que os petistas têm de representar o papel de vítima da opressão imperialista. Se o objetivo é formar uma multidão de idiotas, parabéns! Estão conseguindo ótimos resultados!

O que interessa é que qualquer medida ou opinião que contrarie os norte-americanos é vista como um exemplo de resistência heróica contra a dominação covarde imposta pelos cruentos ianques e seu expansionismo sanguinário. Esse ódio exacerbado tem um peso considerável na constituição do imaginário nacional, o que põe em evidência a pior faceta do nosso subdesenvolvimento que é a intelectual.

Parece que o cerne do problema, afinal de contas, não é a burrice: é o desejo que as pessoas têm de permanecerem burras e alienadas, aninhadas no conforto diabólico que a ignorância lhes proporciona.

Depois dos encontros do Lula na ilha-cárcere dos Castro, do respaldo trapaceiro ao regime de Chávez na Venezuela, da amizade pouco inocente com o Ahmadinejad, com direito a apoio descarado ao ditador assassino e da infeliz tomada de partido em Honduras, alguém ainda espera uma boa vontade dos americanos? Desde o início do seu governo, o Lula e seus asseclas tem se empenhado na formação de um bloco de miseráveis para opor-se abertamente aos interesses americanos. Os rumos que o Brasil tem tomado, especialmente na política externa, dificultam o estabelecimento de uma relação de confiança com os Estados Unidos, queiram ou não, nossos parceiros históricos e nos leva ao declínio no comércio entre os dois países. Não houve missões comerciais brasileiras nos EUA no governo Lula. Isso deixa claro que nossa política externa confunde ideologia e comércio. A diversificação do comércio internacional foi um acerto do governo, mesmo impelido por questões ideológicas, mas não deveria ser excludente. Galgar novos parceiros comerciais e novos mercados mas sem abrir mão de incrementar o comércio com a maior economia do mundo. Para exemplificar esse equívoco observemos o Chàvez, que apesar de seus enormes desencontros ideológicos com americanos, vende grande parte de sua produção de petróleo para os EUA.

Há pouco tempo fomos surpreendidos com esse acordo militar estapafúrdio e extemporâneo firmado com os EUA que permite a vinda de navios de guerra ao Brasil e prevê treinamento de militares brasileiros nos EUA (quem treina, adestra), aparentemente alavancado pela venda de cem aviões nossos aos americanos. Nossos aviões são ótimos e têm alta relação benefício/custo e, em função disso, eles devem comprá-los. Nunca para cedermos ou vender nem ao menos um só quinhão de nossa soberania.
Será que todo esse antiamericanismo do governo –  disseminado aos petistas e à sociedade – é só mais uma jogada de marketing?