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Pindura, você sabe o que é?

Pindura, como se sabe, ou melhor, como sempre se soube, é/era tradição dos Estudantes de Direito do Largo de São Francisco de no dia 11 de Agosto jantarem ou almoçarem em bons restaurantes e não pagarem a conta.

Escrevi como se “sabe/soube e é/era” , pois dando uma pesquisadinha rapidíssima pela Internet,  vi que ultimamente a coisa tem terminado em Delegacias e também não ouço  mais  relatos de Pinduras recentes.

Há muiiiitos  anos, meados da década de 70, fui convidado por dois casais de Estudantes de Direito do Largo  São Francisco para fazer reportagem do Pindura que iriam dar, e de fato deram, no Paddock Jardins.

A reportagem saiu no formidável Suplemento Dominical da Folha de São Paulo – FOLHETIM. Naquele tempo, escrevia-se à  máquina.  Pesquisei no Banco de Dados da Folha. Luis Carlos e Renan, que lá trabalham,  tiveram imensa boa vontade em me ajudar, mas constatamos que havia apenas o Arquivo salvo em programa que não me permitiria fazer qualquer acerto, coisa absolutamente impossível, passado tanto tempo.

Tive que copiar, letra por letra, tudo o que escrevi.

Curtam muito, já que me deu trabalho danado.   Coloquei outro texto aqui, sobre o Papel do Herói na História, publicado originalmente no Jornal da República, de curta existência do grande Mino Carta.  Também tive que digitar novamente o texto e os erros de digitação foram inúmeros. Se quiser ler o texto do Herói, clique aqui. Tenho certeza de  que novamente os erros  serão inúmeros, mas vale a pena ler porque é  divertido.  Em tempo, um jantar desses  para cinco pessoas, nos dias de hoje, em restaurante similar, não sairia por menos  de R$ 4.000,00.  As outras cifras que menciono, não tenho como calcular.

Repito, perdoem os erros de digitação.  Lá vão:  os textos e os erros.

+++++++++++++++

Aconteceu no fim de semana passada no Paddock Jardim, que, segundo os entendidos, é o melhor e mais caro restaurante de São Paulo.
Todos os jovens que estavam sentados à mesa do canto do salão que dava vista para sossegado jardim já haviam tomado café e esperavam apenas que Dimas desse fim daquele licor.  Mas ele não tinha pressa. Acendeu um cigarro e passou a fazer elogios ao Paddock.

– Esse sim é um restaurante digno da burguesia.  O Dinho´s, onde jantamos ontem,  eu consideraria apenas de classe média alta.

Quando finalmente chega a conta, Marcos Vinicius, Glória e Valderez estavam ansiosos para saber quanto tinham gasto e pedem que Dimas fale logo:

– Três mil e duzentos cruzeiros,  pessoal!!!

Mas ninguém ficou impresionado.  Dimas, que é o atual presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto, chamou o Maître e disse:

– Nós somos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e não vamos pagar a conta.  É um Pindura.

Um funcionário que trabalha na Faculdade de Direito há quarenta e quatro anos garante que quando ele chegou ali, o Pindura já era uma instituição antiga.  Há várias versões de como esse costume tenha se iniciado.

Segundo alguns ex-alunos, antigamente, no tempo em que todo mundo conhecia todo mundo em São Paulo, que os restaurantes eram poucos e sempre freqüentados pelo mesmo pessoal, a situação era completamente outra. No dia 11 de agosto, os próprios donos de restaurantes, em homenagem aos estudantes, concordavam que eles não pagassem suas contas.  Depois, conforme a cidade foi crescendo, esse clima de cordialidade foi desaparecendo.  Tanto assim  que no dia 11 de Agosto muitos restaurantes passaram a fechar suas portas.

Havia um, entretanto, que nunca deixou de funcionar no dia 11: o Ponto Chic.  Esse bar, depois de várias décadas de existência,  com seus famosos sanduíches, acabou  definitivamente em abril deste ano.

(A última noite foi em grande estilo.  O Ponto Chic, numa sexta-feira, dia 14, ofereceu bebida grátis a todos os presentes.  A despedida, na verdade,  deveria ter sido no sábado, nas para esse dia, segundo “Nélson Gonçalves”, gerente há vário anos, não havia mais nenhuma gota de chope ou uma fatia de rosbife)

Muitos ex-estudantes da São Francisco contam que quase todo mês faziam um empréstimo com seu Joaquim, que trabalhou como gerente da casa (antes do “Nélson”) por mais de 35 anos.  Era por essa e por outras que ninguém jamais  ousou, ou mesmo imaginou,   dar um Pindura ali.  E os proprietários sabiam disso, tanto é que não tinham receio de abrir a casa no dia  11 de agosto.*

Mas se havia estudantes que respeitavam o Ponto Chic e poupavam-no de Pinduras, tinha o oposto.  Era famoso um sujeito da São Francisco que, além de dar Pinduras toda hora em restaurantes, ainda aplicava o mesmo método em magazines, sapatarias, livrarias, etc.  Ele se servia e corria.  Um advogado, que preferiu não se identificar, contou ainda que um amigo seu de também um Pindura inédito:  num bordel.

Bom, mas antes do Ponto Chic, do inveterado pindurador e do mulherengo, estávamos naquele pedaço que os restaurante passaram a fechar suas portas no dia 11 de agosto para evitar prejuízos.  Mas é como diz a sabedoria popular, “o primeiro chaveiro apareceu logo depois que inventaram o cinto de castidade”.  Em relação ao Pindura, não foi diferente: se os restaurantes fecham  no dia 11, não há problema.  Dá-se Pindura uma semana toda.

Quer dizer, até 1976 estava sendo assim, do dia 4 a 11 era a Semana do Pindura.  No ano passado, quando foram comemorados os 150 anos de existência dos Cursos Jurídicos no Brasil, houve onze dias.  E esse ano, o período também será igual ao de 77, em homenagem aos 75 anos da Fundação do Centro Acadêmico 11 de Agosto.

– É algo que todo estudante do Largo preza.  É a única hora em que não aparece nenhuma divergência política – explicou Dimas.

Todos os estudantes realmente prezam, mas não são todos que o praticam.  O professor Gofredo da Silva Telles garante que em seu tempo de  Faculdade nunca deu um Pindura “porque esquecia” e também por ser muito tímido, mas que fez questão de dizer que não era crítica àqueles que cultivavam esse costume.   Outro político em evidência que também estudou no Largo de São Francisco garante nunca ter dado um Pindura:

– Vontade eu sempre tive, mas na hora faltava coragem.

Tanto Gofredo como esse outro político devem fazer parte da minoria absoluta, pois segundo contou Dimas, só esse ano o Centro Acadêmico rodou mais  2.500 “ofícios de agradecimento” que serão entregues nos restaurantes ao invés do dinheiro.  São três tipos de Pinduras:

•    O Primitivo, o mais simples de todos: come-se e corre.

•    O clássico: o pessoal depois de jantar faz um discurso, entrega o “ofício” e convida o proprietário do restaurante para jantar no Centro Acadêmico, para que se possa fazer uma “retribuição”.

•    O terceiro é o diplomático: um grupo vai antes, reserva alguns lugares, entrega o ofício e o restaurante recebe os alunos, após  a combinação prévia:

– Nós apoiamos o Clássico, que é aquele que realmente deve ser preservado.  O Diplomático é pouco praticado e o primitivo está em extinção. – contou Dimas.

Mas para que o Clássico dê resultado, uma coisa é indispensável: o restaurante estar cheio:

– Logo no começo da Semana do Pindura, um pessoal foi ao Golden Dragon, comeu e fez discurso.  Acontece que não havia outros freqüentadores no restaurante e os garçons fecharam as portas e partiram pra cima dos estudantes  na base do Karatê.  Foi um Deus nos acuda.  Depois eles chamaram a polícia, lembrou Glória.

O Pindurador pode, por lei, ser enquadrado como estelionatário, mas isso quase nunca acontece.  Quando o negócio acaba em Delegacia, é feito um Boletim de Ocorrência e eles são dispensados em seguida, sem maiores aborrecimentos.

Eu, que fora  convidado por Dimas para cobrir aquele Pindura para o Folhetim e que não queria aborrecimento algum, já fui  avisando aos estudantes  que pagaria a minha parte.  Mas entre eles havia a maior descontração.  Os quatro estavam muito bem vestidos e até se confundiam com “executivos” que andam tão em moda ultimamente.

Tanto é verdade que o porteiro, maître e o barman do Paddock atendiam o grupo com  a mesma atenção que dispensavam às outras mesas.  E os estudantes não se traíam.  Seguiram todo o ritual do bom grã-fino em restaurante: passaram pelo bar e experimentaram os coquetéis que o maître indicou; antes do prato principal, pediram entrada; depois,sobremesa, café e licor.

Ninguém estava nervoso. Muito pelo contrário, a situação na mesa dos estudantes estava até engraçada.  Uma das meninas, depois  do segundo coquetel, foi ao banheiro e  na volta comentou:
– Puxa!   Mas até o banheiro da burguesia  é outra coisa, hein?!

Marcos, que tinha apenas 75 Cruzeiros no bolso, estava escolhendo:

– Vamos comer lagosta?  Perguntou ao resto do  grupo.
(só a Lagosta custava 295 Cruzeiros)

Dimas respondeu com superioridade que  não gostava de lagosta e que comeria um “Filé à Paddock”. Uma das meninas escolheu camarão a Thermidor e a outra optou por um coelho regado ao vinho branco.  Os quatro juntos não tinham mais do que  310 Cruzeiros, que seriam destinados ao garçon.

Não fizeram questão de vinho francês e se contentaram com duas garrafas de chileno branco e outra de chileno tinto.  As entradas, todavia, não foram dispensadas: castigaram fundos de alcachofra e casquinhas de siri.

– Isso sim é que é vida, hein? Uma comida dessas, vinho bom e  musiquinha suave ao vivo.

Essa “musiquinha ao vivo”, segundo contou Luís Paduan, pai do proprietário do Paddock, custa mais de sessenta mil cruzeiros por mês.  As despesas gerais(luz, impostos, salários, etc), sem contar a matéria prima, custam ao Paddock mais de 35 mil cruzeiros por noite.

Bem, mas voltando aos Pinduradores.  Na passagem pelo bar, foram devorados uns três pratinhos de mandioca frita e bolinhos de bacalhau, mais um de amendoim e outro de azeitonas.  Quando vieram os pratos principais, nem sequer havia mais aquele entusiasmo da chegada.  Mas isso de maneira alguma perturbou o apetite dos acadêmicos, que em três tempos não deixaram uma migalha em seus pratos. Para acabar com a sensação de vazio,  pediu-se rápido a sobremesa: três mousses de chocolate.  A essa altura do campeonato, não havia mais aquele sossego do início, mas nem por isso deixou-se de tomar café e, Dimas, por seu lado, não dispensou o licor.  Finalmente,  a nota.

– Nós somos estudantes da São Francisco e não vamos pagar essa conta.  É um Pindura.

É agora, pensei. Mas qual nada, a resposta do maître deixou todos boquiabertos:

– Pois não. Vocês poderiam me dar suas carteirinhas, para que eu anote os nomes  e dê baixa na seção de perdas da contabilidade?

Eu expliquei que pagaria a minha parte, pois fora  convidado para cobrir o Pindura para a Imprensa, mas o maître aceitou de maneira alguma e disse     que era uma homenagem à imprensa.  A discrição dos funcionários foi tanta que nenhum dos outros fregueses percebeu coisa alguma.

O sr. Paduan não estava chateado e disse que preferiria ter combinado antes (referindo-se ao Pindura Diplomático).  Ele explicou que sua casa é bastante sólida e pode sofrer um prejuízo como aquele.  A superioridade com que recebeu o Pindura era,  sobretudo, uma atitude comercial.

– Amanhã esse pessoal volta aqui como freguês com os clientes dos seus escritórios e a gente recupera tudo e tem até lucro.  É um investimento a longo prazo.

Enquanto conversava comigo,  Paduan mandou oferecer água mineral. Ao fim da noite deu um abraço em cada um dos Pinduradores.

Depois do êxito desse Pindura foi que passei a entender melhor o verso do Poeta Domingos de Carvalho da Silva, que estudou na São Francisco e que, provavelmente, também deu alguns Pinduras:
“11 de agosto, eu te quero trezentas vezes por ano”
+++++++++++++++++++

* De fato, o Ponto Chic permaneceu fechado alguns poucos anos.  Reabriu,  abriu filiais, mas, pelo menos na minha opinião, não é a mesma coisa.  Hoje tem até televisão ligada, sorvete e mais  pequenos detalhes inconcebíveis em outros tempos.

PINDURA – VOCÊ SABE O QUE É???

Pindura, como se sabe, ou melhor, como sempre se soube, é/era tradição dos Estudantes de Direito do Largo de São Francisco de no dia 11 de Agosto jantarem ou almoçarem em bons restaurantes e não pagarem a conta.

Escrevi como se “sabe/soube e é/era” , pois dando uma pesquisadinha rapidíssima pela Internet,  vi que ultimamente a coisa tem terminado em Delegacias e também não ouço  mais  relatos de Pinduras recentes.

Há muiiiitos  anos, fui convidado por dois casais de Estudantes de Direito do Largo  São Francisco para fazer reportagem do Pindura que iriam dar, e de fato deram, no Paddock Jardins.

A reportagem saiu no formidável Suplemento Dominical da Folha de São Paulo – FOLHETIM. Naquele tempo, escrevia-se à  máquina.  Pesquisei no Banco de Dados da Folha. Luis Carlos e Renan, que lá trabalham,  tiveram imensa boa vontade em me ajudar, mas constatamos que havia apenas o Arquivo salvo em programa que não me permitiria fazer qualquer acerto, coisa absolutamente impossível, passado tanto tempo.

Tive que copiar, letra por letra, tudo o que escrevi.

Curtam muito, já que me deu trabalho danado.   Coloquei outro texto aqui, sobre o Papel do Herói na História, publicado originalmente no Jornal da República, de curta existência do grande Mino Carta.  Também tive que digitar novamente o texto e os erros de digitação foram inúmeros. Se quiser ler o texto do Herói, clique aqui. Tenho certeza de  que novamente os erros  serão inúmeros, mas vale a pena ler porque é  divertido.  Em tempo, um jantar desses  para cinco pessoas, nos dias de hoje, em restaurante similar, não sairia por menos  de R$ 1,500,00.  As outras cifras que menciono, não tenho como calcular.

Repito, perdoem os erros de digitação.  Lá vão:  os textos e os erros.

+++++++++++++++

Aconteceu no fim de semana passada no Paddock Jardim, que, segundo os entendidos, é o melhor e mais caro restaurante de São Paulo.
Todos os jovens que estavam sentados à mesa do canto do salão que dava vista para sossegado jardim já haviam tomado café e esperavam apenas que Dimas desse fim daquele licor.  Mas ele não tinha pressa. Acendeu um cigarro e passou a fazer elogios ao Paddock.

– Esse sim é um restaurante digno da burguesia.  O Dinho´s, onde jantamos ontem,  eu consideraria apenas de classe média alta.

Quando finalmente chega a conta, Marcos Vinicius, Glória e Valderez estavam ansiosos para saber quanto tinham gasto e pedem que Dimas fale logo:

– Três mil e duzentos cruzeiros,  pessoal!!!

Mas ninguém ficou impresionado.  Dimas, que é o atual presidente do Centro Acadêmico 11 de Agosto, chamou o Maître e disse:

– Nós somos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e não vamos pagar a conta.  É um Pindura.

Um funcionário que trabalha na Faculdade de Direito há quarenta e quatro anos garante que quando ele chegou ali, o Pindura já era uma instituição antiga.  Há várias versões de como esse costume tenha se iniciado.

Segundo alguns ex-alunos, antigamente, no tempo em que todo mundo conhecia todo mundo em São Paulo, que os restaurantes eram poucos e sempre freqüentados pelo mesmo pessoal, a situação era completamente outra. No dia 11 de agosto, os próprios donos de restaurantes, em homenagem aos estudantes, concordavam que eles não pagassem suas contas.  Depois, conforme a cidade foi crescendo, esse clima de cordialidade foi desaparecendo.  Tanto assim  que no dia 11 de Agosto muitos restaurantes passaram a fechar suas portas.

Havia um, entretanto, que nunca deixou de funcionar no dia 11: o Ponto Chic.  Esse bar, depois de várias décadas de existência,  com seus famosos sanduíches, acabou  definitivamente em abril deste ano.

(A última noite foi em grande estilo.  O Ponto Chic, numa sexta-feira, dia 14, ofereceu bebida grátis a todos os presentes.  A despedida, na verdade,  deveria ter sido no sábado, nas para esse dia, segundo “Nélson Gonçalves”, gerente há vário anos, não havia mais nenhuma gota de chope ou uma fatia de rosbife)

Muitos ex-estudantes da São Francisco contam que quase todo mês faziam um empréstimo com seu Joaquim, que trabalhou como gerente da casa (antes do “Nélson”) por mais de 35 anos.  Era por essa e por outras que ninguém jamais  ousou, ou mesmo imaginou,   dar um Pindura ali.  E os proprietários sabiam disso, tanto é que não tinham receio de abrir a casa no dia  11 de agosto.*

Mas se havia estudantes que respeitavam o Ponto Chic e poupavam-no de Pinduras, tinha o oposto.  Era famoso um sujeito da São Francisco que, além de dar Pinduras toda hora em restaurantes, ainda aplicava o mesmo método em magazines, sapatarias, livrarias, etc.  Ele se servia e corria.  Um advogado, que preferiu não se identificar, contou ainda que um amigo seu de também um Pindura inédito:  num bordel.

Bom, mas antes do Ponto Chic, do inveterado pindurador e do mulherengo, estávamos naquele pedaço que os restaurante passaram a fechar suas portas no dia 11 de agosto para evitar prejuízos.  Mas é como diz a sabedoria popular, “o primeiro chaveiro apareceu logo depois que inventaram o cinto de castidade”.  Em relação ao Pindura, não foi diferente: se os restaurantes fecham  no dia 11, não há problema.  Dá-se Pindura uma semana toda.

Quer dizer, até 1976 estava sendo assim, do dia 4 a 11 era a Semana do Pindura.  No ano passado, quando foram comemorados os 150 anos de existência dos Cursos Jurídicos no Brasil, houve onze dias.  E esse ano, o período também será igual ao de 77, em homenagem aos 75 anos da Fundação do Centro Acadêmico 11 de Agosto.

– É algo que todo estudante do Largo preza.  É a única hora em que não aparece nenhuma divergência política – explicou Dimas.

Todos os estudantes realmente prezam, mas não são todos que o praticam.  O professor Gofredo da Silva Telles garante que em seu tempo de  Faculdade nunca deu um Pindura “porque esquecia” e também por ser muito tímido, mas que fez questão de dizer que não era crítica àqueles que cultivavam esse costume.   Outro político em evidência que também estudou no Largo de São Francisco garante nunca ter dado um Pindura:

– Vontade eu sempre tive, mas na hora faltava coragem.

Tanto Gofredo como esse outro político devem fazer parte da minoria absoluta, pois segundo contou Dimas, só esse ano o Centro Acadêmico rodou mais  2.500 “ofícios de agradecimento” que serão entregues nos restaurantes ao invés do dinheiro.  São três tipos de Pinduras:

•    O Primitivo, o mais simples de todos: come-se e corre.

•    O clássico: o pessoal depois de jantar faz um discurso, entrega o “ofício” e convida o proprietário do restaurante para jantar no Centro Acadêmico, para que se possa fazer uma “retribuição”.

•    O terceiro é o diplomático: um grupo vai antes, reserva alguns lugares, entrega o ofício e o restaurante recebe os alunos, após  a combinação prévia:

– Nós apoiamos o Clássico, que é aquele que realmente deve ser preservado.  O Diplomático é pouco praticado e o primitivo está em extinção. – contou Dimas.

Mas para que o Clássico dê resultado, uma coisa é indispensável: o restaurante estar cheio:

– Logo no começo da Semana do Pindura, um pessoal foi ao Golden Dragon, comeu e fez discurso.  Acontece que não havia outros freqüentadores no restaurante e os garçons fecharam as portas e partiram pra cima dos estudantes  na base do Karatê.  Foi um Deus nos acuda.  Depois eles chamaram a polícia, lembrou Glória.

O Pindurador pode, por lei, ser enquadrado como estelionatário, mas isso quase nunca acontece.  Quando o negócio acaba em Delegacia, é feito um Boletim de Ocorrência e eles são dispensados em seguida, sem maiores aborrecimentos.

Eu, que fora  convidado por Dimas para cobrir aquele Pindura para o Folhetim e que não queria aborrecimento algum, já fui  avisando aos estudantes  que pagaria a minha parte.  Mas entre eles havia a maior descontração.  Os quatro estavam muito bem vestidos e até se confundiam com “executivos” que andam tão em moda ultimamente.

Tanto é verdade que o porteiro, maître e o barman do Paddock atendiam o grupo com  a mesma atenção que dispensavam às outras mesas.  E os estudantes não se traíam.  Seguiram todo o ritual do bom grã-fino em restaurante: passaram pelo bar e experimentaram os coquetéis que o maître indicou; antes do prato principal, pediram entrada; depois,sobremesa, café e licor.

Ninguém estava nervoso. Muito pelo contrário, a situação na mesa dos estudantes estava até engraçada.  Uma das meninas, depois  do segundo coquetel, foi ao banheiro e  na volta comentou:
– Puxa!   Mas até o banheiro da burguesia  é outra coisa, hein?!

Marcos, que tinha apenas 75 Cruzeiros no bolso, estava escolhendo:

– Vamos comer lagosta?  Perguntou ao resto do  grupo.
(só a Lagosta custava 295 Cruzeiros)

Dimas respondeu com superioridade que  não gostava de lagosta e que comeria um “Filé à Paddock”. Uma das meninas escolheu camarão a Thermidor e a outra optou por um coelho regado ao vinho branco.  Os quatro juntos não tinham mais do que  310 Cruzeiros, que seriam destinados ao garçon.

Não fizeram questão de vinho francês e se contentaram com duas garrafas de chileno branco e outra de chileno tinto.  As entradas, todavia, não foram dispensadas: castigaram fundos de alcachofra e casquinhas de siri.

– Isso sim é que é vida, hein? Uma comida dessas, vinho bom e  musiquinha suave ao vivo.

Essa “musiquinha ao vivo”, segundo contou Luís Paduan, pai do proprietário do Paddock, custa mais de sessenta mil cruzeiros por mês.  As despesas gerais(luz, impostos, salários, etc), sem contar a matéria prima, custam ao Paddock mais de 35 mil cruzeiros por noite.

Bem, mas voltando aos Pinduradores.  Na passagem pelo bar, foram devorados uns três pratinhos de mandioca frita e bolinhos de bacalhau, mais um de amendoim e outro de azeitonas.  Quando vieram os pratos principais, nem sequer havia mais aquele entusiasmo da chegada.  Mas isso de maneira alguma perturbou o apetite dos acadêmicos, que em três tempos não deixaram uma migalha em seus pratos. Para acabar com a sensação de vazio,  pediu-se rápido a sobremesa: três mousses de chocolate.  A essa altura do campeonato, não havia mais aquele sossego do início, mas nem por isso deixou-se de tomar café e, Dimas, por seu lado, não dispensou o licor.  Finalmente,  a nota.

– Nós somos estudantes da São Francisco e não vamos pagar essa conta.  É um Pindura.

É agora, pensei. Mas qual nada, a resposta do maître deixou todos boquiabertos:

– Pois não. Vocês poderiam me dar suas carteirinhas, para que eu anote os nomes  e dê baixa na seção de perdas da contabilidade?

Eu expliquei que pagaria a minha parte, pois fora  convidado para cobrir o Pindura para a Imprensa, mas o maître aceitou de maneira alguma e disse     que era uma homenagem à imprensa.  A discrição dos funcionários foi tanta que nenhum dos outros fregueses percebeu coisa alguma.

O sr. Paduan não estava chateado e disse que preferiria ter combinado antes (referindo-se ao Pindura Diplomático).  Ele explicou que sua casa é bastante sólida e pode sofrer um prejuízo como aquele.  A superioridade com que recebeu o Pindura era,  sobretudo, uma atitude comercial.

– Amanhã esse pessoal volta aqui como freguês com os clientes dos seus escritórios e a gente recupera tudo e tem até lucro.  É um investimento a longo prazo.

Enquanto conversava comigo,  Paduan mandou oferecer água mineral. Ao fim da noite deu um abraço em cada um dos Pinduradores.

Depois do êxito desse Pindura foi que passei a entender melhor o verso do Poeta Domingos de Carvalho da Silva, que estudou na São Francisco e que, provavelmente, também deu alguns Pinduras:
“11 de agosto, eu te quero trezentas vezes por ano”
+++++++++++++++++++

* De fato, o Ponto Chic permaneceu fechado alguns poucos anos.  Reabriu,  abriu filiais, mas, pelo menos na minha opinião, não é a mesma coisa.  Hoje tem até televisão ligada, sorvete e mais  pequenos detalhes inconcebíveis em outros tempos.

HOMOFOBIA/INVASÕES – NA PAULISTA…NO BRASIL… NA HISTÓRIA… NO MUNDO… Por Armando de Oliveira Neto*

Entre os últimos dias 4 e 9, dois ataques a jovens Homossexuais ocorreram na Avenida Paulista.   Mais uma vez, o psiquiatra Armando de Oliveira  Neto é convidado para nos ajudar a entender essas violências que, “muitíssimo” desgraçadamente,  vão se tornando corriqueiras.
Na verdade, Armando extrapola em muito os últimos acontecimentos e, de lambuja, ataca outros aspectos interessantes do que já aconteceu e acontece na História.  É “loooongo”,  é “óóótimo”!!!. Eu Leria.

Ataques a Homossexuais – Sintomas Curiosos

Frente aos acontecimentos ocorridos em nossa mais paulista de nossas avenidas – o ataque de jovens contra outros jovens homossexuais – apresento algumas considerações. 

Primeiro sobre o ataque;  segundo, sobre a defesa.

Numa leitura fenomenológica compreensível, talvez superficial pela empatia parcial, pois não conheço os protagonistas, entendo que os atacantes partiram de suas convicções homofóbicas e atacaram, aqui entendido por INVADIRAM, os outros jovens.
 

O conceito de INVASÃO baseia-se na conceituação de Jorge Rinavera, em seu trabalho “Núcleo Del Yo y conduta psicopática”:

A conduta psicopática é produto de uma carência de respostas adequadas em um indivíduo às normas sociais de seu grupo, provocando a reação do meio, que se expressa desde a repressão policial… . Alfredo Correia Soeiro complementa que a conduta psicopática é caracterizada pela invasão da Área Pessoa (o Outro), com suas convicções.
Importante esclarecer que Conduta Psicopática não é sinônimo de Personalidade Psicopática, embora possa estar presente nessa “variante da personalidade normal”, segundo Kurt Schneider.

Aqui, o “atacante” simplesmente desconhece, no sentido de ignorar, a certeza do Outro: como se o Outro, com sua história, seus conhecimentos, suas escolhas, seus anseios e sonhos não pertencessem àquele momento, sequer existissem. Os motivos ideológicos são simples pretextos para a ação, como descreveu Althusser.

Atacante está entre aspas, pois é no sentido amplo da palavra.

E O QUE FORAM A CATEQUIZAÇÃO DOS NOSSOS ÍNDIOS, AS CRUZADAS???

Esse enredo é conhecido de longa data e em todos os níveis de nossa sociedade, podendo ser facilmente identificado em situações variadas, impregnando nossa cultura independente do espectro socio-econômico.
As primeiras notícias desse comportamento invasivo data da época do descobrimento quando religiosos jesuítas “catequizaram” os nativos, em nome de um Deus único. Mas não é novidade e, em uma simples leitura dos Livros Sagrados, pode-se identificar como invasões ocorreram sistematicamente. Com as Cruzadas não foi diferente, partindo do discurso de um padre, Bernardo, que se tornou Santo por este motivo.

Desde então, não se parou mais, podendo ser identificado com facilidade nas chamadas guerras entre torcidas: se você, leitor, for palmeirense, por exemplo, não se atreveria a ficar sentado no meio da torcida do Corinthians e torcer pelo seu time… seria invadido, ou melhor, no mínimo massacrado!!!

Em termos de país, a Legislação vigente é outro exemplo de “invasão”: as regras tributárias dão sustentação legal a um verdadeiro assalto a nossos bolsos, para sustentar um Estado incompetente, perdulário e corrupto. Maílson da Nóbrega noticia – Veja em sua Edição 2195 – que uma empresa brasileira consome 2.600 horas para pagar tributos, contrastando com 320 na Rússia, 258 na Índia e 398 na China, respaldado pelas modificações impetradas pela Constituição de 1988.

Exemplos outros em qualquer nível da sociedade  não faltam e, o mais grave dessa situação horrorosa é que se forja no povo brasileiro A MORAL DA INVASÃO, desde a mais tenra idade.
1984, Admirável Mundo Novo, Fahrengeit 453 e Big Brother

Como psiquiatra infantil, impressiona-me pela simplicidade lorpa a noção que brinquedos de armas provocariam agressividade em crianças: absolutamente não… é o enredo que as nossas crianças assistem, e vivem, que modela o referencial da INVASÃO, construindo os Sentimentos Morais, às vezes chamados de Superego.

Embora possa ser constrangedor, entendo que uma mãe, ao presentear sua prole com um aparelho celular que tenha um sistema de GPS incluído, estará praticando uma Invasão de Privacidade. Mas não terá que se preocupar, ou se sentir culpada, pois as últimas gerações de crianças já estarão preparadas para aceitar qualquer Invasão,  pois foram  devidamente “catequizadas” pelos Orkut ou Facebook dos dias “modernos”.

A indignação, despertada pela leitura de “1984”, “Admirável Mundo Novo”, “Fahrenheit 453” e outros, perdeu-se nas últimas décadas pela substituição de “Big Brother Brasil” e outros representantes de uma cultura menor.

É lamentável, mas não posso ignorar que os tempos modernos são a escola da Moral Invasora.

Deixo de lado, para não me estender, as componentes econômicas/capitalistas, que também estão presentes nessa dinâmica perversa e que, pessimistamente, considero  sem volta.

ROUSSEAU ERROU???

Em segundo momento teço considerações sobre o Defender.

Rousseau achava que o homem nascia puro e a sociedade o corrompia. Como não devia entender de gente, e muito menos de Etologia, o que ocorre é justamente o contrário: são as regras do grupo que mantém o homem na linha. Aliás,  esta é a concepção sociológica, defendida por muitos, que se contrapõe ao conceito de Superego, da Psicanálise, que não é universalmente aceito, incluso o de Inconsciente. Recentemente apresentei aqui mesmo no “BOCA NO TROMBONE” tema denominado por “Em defesa de um certo Medo”, discorrendo sobre esse fenômeno social, no âmbito da educação infantil. Ver http://bocanotrombone.ig.com.br/2008/04/30/em-defesa-de-um-certo-medo/
Indignação ou Estagnação…

Assim, desde muito, as regras dos grupos humanos eram aceitas e respeitadas, havendo a transcrição no Código de Hamurabi, com a Lei de Talião, depois com os mandamentos de Moisés e mais tarde as codificações religiosas várias. Essas regras morais produziriam um certo grau de inibição ao comportamento invasor.
Por outro lado o invadido teria como se defender desse movimento, respaldado, hoje em dia, pela Declaração de Direitos Humanos, a Constituição da República, os Códigos vários, com suas Leis, Jurisprudência e Usos e Costumes.
Só que isso só funciona no papel, na teoria, como qualquer brasileiro sabe, ao viver no “país da impunidade”… e o invasor sabe disso. A Lei “Maria da Penha” está aí e as mulheres continuam sendo barbarizadas e mortas (invadidas), na sombra da Lei.
Políticos passam por cima delas, sejam as que normatizam os gastos públicos, sejam as eleitorais, sem nenhum constrangimento.
É por esta constatação que me faz descrente de mudanças em curto ou médio prazo. Ocorre-me  aqui lembrança do jornalista Mino Carta No programa Roda Viva, da TV Cultura, Mino  afirmava  que levaríamos 250 anos para atingir um grau satisfatório de moralidade.
A não ser que nos indignemos!!!

++++++++++++

*Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama

Mino Carta responde sobre sua Olivetti

Mino Carta publicou no Blog dele, também aqui no Ig, simpática resposta ao meu texto Carta para Mino Carta e sua Olivetti. Colo abaixo a resposta do famoso jornalista. Quem quiser, pode ler direto. Para quem preferir ler primeiro o que eu escrevi e depois a resposta dele deixo o link do meu post

http://z001.ig.com.br/ig/40/19/1010195/blig/bocanotrombone77/2008_01.html#post_19037299

Abaixo, o texto do Mino.

08/01/2008 18:59

Não vou abandonar a Olivetti

O simpaticíssimo Paulo Mayr envia uma carta “para Mino Carta e sua Olivetti”. Resumo a deliciosa missiva. Sugere que eu aposente de vez a minha máquina de escrever para render-me aos encantos de um computador Pentium 4. Garante que não sentirei falta da minha fiel companheira, enquanto ganharia muito, em tempo e qualidade, caso usasse “esta maravilha acessível a praticamente todas as pessoas do século 21”. Não é que Paulo desgoste da Olivetti, pelo contrário, até hoje ama a sua velha Remington, presente do seu pai quando tinha apenas três anos. Mas se recusa a entender que um cidadão contemporâneo dispense os favores oferecidos pela tecnologia mais atual e vencedora. Ocorre, meu caro Paulo, que não sou do século 21. Se tanto, sou do 20, com leves, porém freqüentes, recaídas no 19. Não há como alterar o destino, a determinação inenarrável dos fados gregos. Luz elétrica, rádio, televisão, telefone e válvula hydra são o meu limite. Ignorei a secretária eletrônica e o fax, nos tempos idos. Temo o computador, e sua bocarra pronta a me engolir. Na minha visão, centenas de milhões de seres humanos já foram mastigados e deglutidos. Estou errado? É possível, é provável. Fui, no entanto, em eras priscas, operado das amídalas e em tempos mais recentes, disseram-me que deveria tê-las conservado, sentinelas da garganta. De todo modo, um abraço mediterrâneo.
enviada por mino
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Carta para Mino Carta e sua Olivetti

São Paulo, 1ª Semana de Janeiro de 2008.

Prezado Mino:

Chego de curta viagem e sou informado na página do Último Segundo do Ig que você deu merecidas férias para a máquina de escrever, privando todos nós de seus sempre perspicazes e oportunos comentários.

Sem querer ensinar o Padre Nosso ao vigário, afinal sou apenas ousado, jamais atrevido, faço-lhe oportuna sugestão. Que tal transformar as férias de sua Olivetti em aposentadoria definitiva??? Logicamente com todos os direitos que a lei lhe garante – como, por exemplo, levá-la periodicamente ao técnico que cuidará de sua boa saúde e funcionamento perfeito para que sempre possa dar conta do recado nos momentos de nostalgia que talvez venham a acometer o seu dono.

A Olivetti ficaria apenas para as horas de lazer, textos rapidíssimos, trabalho leve, em síntese. É lógico que você guarda ótimas recordações de tudo que já escreveu com ela. Minha Remington, que meu pai comprou para ele quando eu tinha uns três anos de idade, da qual me apossei ainda na Faculdade e que também me rendeu bons textos por cerca de doze anos, até aproximadamente meados da década de 80, já goza de aposentadoria há um bom tempo. Jamais vou abandoná-la.

Mas, voltando a sua insubstituível Olivetti, que tal escalar para essa posição um computador Pentium 4 com o Programa de Texto Word For Windows???

Todo esse nomão arrogante Pentiun – que as pessoas pronunciam de forma errada com T – (gente, a palavra é Latin, Pentiun deu origem a pensar. Esse t, é lido com som de s!!!) na verdade esconde uma doce e amiga ferramenta da qual ninguém mais pode prescindir.

Garanto que em menos de cinco dias você estará dominando com razoável destreza o computador. Reviverá a sensação que teve ao passar a utilizar a máquina ao invés da caneta. Ou seja, você será simplesmente incapaz de voltar a escrever longos textos com a máquina.

Tenho certeza quase absoluta de que Machado de Assis, ou qualquer outro grande escritor da era pré-computador, teria escrito muito mais e com mais qualidade ainda (como se isso fosse possível, no caso do Machado de Assis) se usasse essa maravilha, acessível a praticamente todas as pessoas do século 21.

Querendo, conte comigo para algumas poucas e definitivas horas de bate-papo e instruções diante do meu computador. Por favor, diga para sua Olivetti que a minha Remington poderá fazer-lhe companhia sempre que ela for tomada pelo mais tênue complexo de rejeição que seja.

Grande abraço em Você e sua histórica Olivetti.

Paulo Mayr