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Questão de Coragem, ou de Falta de Coragem

Tanto, mas tanto, tempo que não escrevo aqui, que estou até sem graça.

Mil anos atrás fiz reportagem para o Folhetim sobre Pindura, prática dos Estudantes de Direito do Largo São Francisco de, no dia 11 de agosto,  jantarem ou almoçarem sem pagar.  Nessa matéria, um político contou que vontade ele sempre teve de dar um Pindura, mas faltava-lhe coragem.

Pois bem,  hoje comi em casa milho cozido debulhado com manteiga e sal.

A relação disso com o Pindura?

Tal qual o político, eu morria vontade de comer isso nos carrinhos de ambulantes  pelas ruas, entretanto, faltava-me coragem.  Espero que meu bom senso me mantenha sempre afastado desse milho e de outras barbáries que se comem pelas ruas e botecos de quinta, nessa gigantesca cidade de S. Paulo.

Quiser ler sobre o Pindura (vale a pena, na minha suspeita opinião), clique aqui

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Estou com praticamente uma centena – ou até mais –  de microcontos meus, escritos recentemente.  Vou começar a postá-los aqui.

Constatação

Em reuniões sociais com pessoas inconvenientes, o segredo é ficar à margem; observar. Você não se expõe, não corre riscos. E tem lucro: esses tipos rendem ótimas histórias.

Recentemente me comportei  assim  e foi maravilhoso. Tá certo, ainda não produzi  um microconto, mas tive  motivo/assunto para boas  risadas em conversas com outros amigos.

E espero que eu e meu teclado transformemos isso em crônica.

Fumo da Lata e Microcontos da Caixinha de Fósforo(1)

Fins de setembro de 1987,  18 latas, como essas em que se vende leite em pó, foram encontradas boiando, em Maricá, a cerca de 60 km da cidade do Rio de Janeiro.  Dentro, entretanto, não havia leite, mas maconha.  Cerca de um mês antes, 22 toneladas de maconha, de excelente qualidade acondicionadas em latas, foram despejadas no mar, entre Rio e São Paulo.  Os traficantes estavam sendo perseguidos pela polícia e descartaram a droga.

Todo vendedor de fumo da época  dizia que o seu  era proveniente das tais latas.  O Historiador Burns, salvo engano, dizia que se “juntassem todos os pedacinhos de madeira vendidos como tendo feito parte da cruz em que Jesus Cristo foi crucificado, daria para se construir um navio.  Pois bem,  se fosse somado todo o fumo vendido como fumo da lata, não daria 22 toneladas, mas dois Pão de Açúcar.  Fernanda Abreu, em uma de suas músicas, fazia referência ao tal fumo da Lata.*

Quase trinta anos depois, professora Esther Proença,  de Criação Literária, propôs que fossem feitos microcontos, de 15 palavras, incluindo o título, cujo enredo poderia acontecer no espaço restrito  de uma caixa de fósforo.  Para dar mais graça, pediu que os textos fossem apresentados dentro de uma caixinha de fósforo e no exterior o título e o pseudônimo do Autor.

Fiz diversos microcontos.  Vou postá-los  aqui no Trombone,  homeopaticamente, sempre como essa mesma introdução.

Lá vai o primeiro:

Título:  Navio**

Formiga embarcou  e viajou sarjeta abaixo.

**sete palavras, incluindo o título.

* Ouça a música de Fernanda Abreu – Veneno da Lata –  clique aqui

Microcontosfraseskai

No fabuloso Sarau do Centro da Terra*, toda última quarta-feira do mês, o poeta, diretor de teatro  Ricardo karman, que concebeu o sarau, ontem,  ao ouvir uns microcontos e frases minhas,  sugeriu que eu tentasse fazer Haikais.  Eu disse que já havia lido alguma coisa a respeito, mas que a estrutura é meio rígida e difícil de ser observada.

Pois bem, na insônia nossa de cada noite, comecei a pensar idéias/frases/versos que jamais poderiam ser Haikais (para rimar).  Entretanto, como brasileiro adapta tudo, talvez eu esteja inventando uma forma de microconto/frase   – enfiados em três (ou até duas) linhas que se poderia batizar microcontofraesskai.

Lá vai um dos microcontofraesskai.  causado  pela insônia  da última madrugada:

Picanha toda manhã e

não sobra

uma artéria sã.

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* Quiser ler texto  com menção rápida ao Sarau Noites Na Taverna, clique

Quiser conhecer um pouco sobre Haikai, clique

Bom Momento para Reler Microcontos Sobre Políticos e Recordar Episódios

Como fiz às vésperas do primeiro turno, recapitulo mais uma vez como  os políticos são vistos pelos escritores de microliteratura.

Para começar microconto  meu – 119 dígitos.  Sem qualquer dúvida, o menos bom dos três.

O candidato só teve um voto.  Quem não conhecia, não conhecia.  Quem o conhecia é que não votou nele de maneira alguma.

O próximo é do amigo Fernando Vasqs, com o qual  ele participou do 1. Concurso de Microcontos do Salão de Piracicaba em 2011 e, para fechar, o de André Luis Gabriel, que ganhou esse concurso de Piracicaba:

Lá vão:

Fernando Vasqs:

Título: “Latidos”

“A Velhinha vê novela, o cachorro late no quintal. Intervalo, propaganda política. A velhinha grita:
– Cala a boca, cachorro!”

Para concluir:

André Luis Gabriel – Como já foi dito,  vencedor do  Primeiro Concurso de microcontos Salão de Humor de Piracicaba, em 2011.
Título: “ In Memoriam”

“O político morreu, virou estátua. Agora são os pombos a prestar-lhe justas homenagens”.

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Se ainda conseguir ler mais sobre Serrahaddad

Clique aqui 1

Clique aqui2

Clique aqui 3

Clique aqui 4

Clique aqui 5

Clique aqui6

Clique aqui 7

Clique aqui 8 – Jatinho para o  Jovem Haddad

Finalmente,  lembre-se que as assessorias dos dois candidatos não conseguiram responder a carta que lhes enviei. Clique aqui 9– Como eu digo no texto, e pensar que o Homem já chegou à Lua, há mais de 40 anos!!!

Tá bom, né???

Bom voto para todos os (e)leitores do Boca!!!

Piadinha que me ocorreu, certamente já contada/escrita aqui:

Uma freira falou para a outra:

– Durma com Deus.

A outra respondeu:

– É o jeito, né irmã!!!

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Adaptando-se:

Tem que votar, né???

Fazer o que???

E pensar que tanto se lutou para que pudéssemos “voltar a votar” para todos os cargos do executivo e do legislativo!!!

De qualquer forma, boa eleição para nós!!!

Conceito dos Políticos na Microliteratura!!!

Para marcar a eleições, pelas quais  muito se lutou durante a Ditadura, e também mostrando  o conceito que gozam os políticos, dois microcontos.

O primeiro  do amigo Fernando Vasqs e o segundo  de André Luis Gabriel, vencedor do Primeiro Concurso de Microcontos do Salão de Humor de Piracicaba em 2011.

Título: “Latidos” – Fernando Vasqs* – 132 dígitos, incluindo título

A Velhinha vê novela, o cachorro late no quintal. Intervalo, propaganda política. A velhinha grita:
– Cala a boca, cachorro!

Título: “ In Memoriam” – André Luis Gabriel – 98 dígitos, incluindo o título

O político morreu, virou estátua. Agora são os pombos a prestar-lhe justas homenagens

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Que a partir de amanhã, os eleitos façam por merecer conceito um pouco menos péssimo  da população.

Conheça o Blog de Fernando Vasqs, além de textos enxutos, excelente desenhos.  Ostras ao  Vento . Vale muito a pena.

Escritor Homenageia os Pombos que Homenageiam os Políticos

O Salão de Humor de Piracicaba deste ano promoveu Concurso de Microcontos de até 140 dígitos, incluindo título.  O vencedor foi  André Luis Gabriel, de Caieiras, Estado de São Paulo. Tenho certeza de que ao terminar o hiper curto texto, você vai pensar algo como – faço minhas as palavras dele ou assino embaixo.

Lá vai:

Título: “ In Memoriam”

“O político morreu, virou estátua. Agora são os pombos a prestar-lhe justas homenagens”.

No caso dos Pombos, eles  fazem justiça não  com as prórpias mãos…   Eficaz a justiça pombina!!!

Vasqs, o bam-bam-bam dos micro textos, homenageado do  Sopa de Letrinhas, * no próximo dia 30, concorreu com o microconto abaixo.  Aliás, o tema do Vasqs é o mesmo.  Por que será???

Título: “Latidos”

“A Velhinha vê novela, o cachorro late no quintal. Intervalo, propaganda política. A velhinha grita:
– Cala a boca, cachorro!”

Eu concorri com esse abaixo, na verdade, uma frase que transformei em microconto:

Título: “Varas”

“Prudente,  jamais cutuva onça com vara curta nem viado com vara longa”

O amigo Vasqs e eu não pagamos nem placê.  “Fazê” o que – pra “rimá”??? Quiser conhecer mais do trabalho do Vasqs, clique aqui e visite o Blog dele – Ostras ao Vento

Tentei obter  todos os  microcontos que participaram do prêmio, mas, infelizmente, não consegui. Ou melhor, até consegui, mas veio de tal jeito…  Para se ter uma idéia, nem os nomes dos autores acompanhavam os textos.  Aliás, os autores, sequer,  eram mencionados. Sabe como é, ou sabe como são: prefeitura, secretária de cultura, etc, etc

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* Lembrando apenas que o endereço  onde acontece o tradicional  Sopa de Letrinhas, próximo dia 30,   é Bar Bagaça – R. Clélia esquina com Jeroaquara, Lapa e não mais o que consta no texto do link.