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É Tudo Descartável!!!

Descartável, como todos imaginam, quer dizer que se pode ou se deve descartar. Meu Aurélio Eletrônico até dá exemplo: Fraldas
Descartáveis.

O verbo Descartar, por sua vez, ainda de acordo com meu Aurélio, significa:

1) “rejeitar (a carta de baralho que não serve, devolvendo-a à mesa);
2) Pôr de parte, não levar em conta, afastar uma hipótese
3) Pôr de parte; deixar de usar ou jogar fora após o uso. Exemplo Dada a injeção, descartou a seringa; Descartou-se das lâminas usadas.
4) Livrar-se de pessoa ou coisa incômoda, enfadonha ou importuna: Exemplo. Tudo fez para descartar-se do repórter.”

Como se vê, Aurélio e sua equipe tiveram razoável bom senso ao dar exemplos: cartas inúteis no jogo de baralho, hipóteses que se demonstram infrutíferas, lâminas de barbear usadas, coisas e pessoas incômodas, enfadonhas e inoportunas, como nós jornalistas.

Acontece que a sociedade não tem esse bom senso e cautela, tornando tudo descartável, a começar pelas pessoas – enquanto fulano tá servindo, quer como amigo, companheiro de viagem, parceiro de negócios, empregada doméstica, beleza. Depois, descarta-se, lixo!!!

Quem não concordar com esse tipo de relacionamento pode e deve relutar, é muito saudável e edificante.

Mas quanto a coisas materiais, tudo aquilo que era considerado bens de consumo duráveis – automóveis, eletrodomésticos, computadores – até alguns anos atrás, virou descartável, tal qual fralda, fio dental e lâminas de barbear. Meu computador anda empacando. Meu técnico, sujeito oriental, econômico e de muito bom senso, foi taxativo:

– Seu computador tem 6 anos, tá velho, troque já.
Meu computador é ótimo, mas alguns programas recentes, necessários para ler documentos atachados em emails o sobrecarregam demais, tornando-o verdadeira tartaruga para todas as tarefas.

Lembro-me que quando tinha uns 17 anos, uma geladeira de casa foi trocada. Nos oito anos seguintes, acho que houve mais umas três trocas.

Quanto mais medíocre o povo e mais pobre, paradoxalmente, mais descartáveis e até perecíveis torna as coisas. Na Europa, freqüentemente se vêem carros com mais de vinte anos circulando pelas ruas. Por aqui, muitas pessoas despeitadas e invejosas cultuam o carro do ano como bem supremo. Famoso janotinha, após ter sido barrado em um grupo, foi para a Imprensa e botou a boca no Trombone:

– Enquanto eu ando de BMW (salvo engano meu) do ano, a maioria daquele pessoal tem carros com mais de 10 anos de uso.

Palito de fósforo, fio dental, amigos, computadores, carta de baralhos, carros que não sejam BMWs do Ano é tudo descartável!!!

Viva a mediocridade!!!