Fim dos anos 90, corri uma São Silvestre.
Reminiscências divertidas.
Talvez mais legal do que a corrida em si, foi ter feito todo o percurso correndo, com o treinador seus auxiliares e os outros colegas de equipe, um ou dois domingos antes da prova, a partir das seis horas da manhã.
Mal chegamos à Consolação e desabou temporal, mas temporal mesmo. A parte baixa do trajeto foi feita com água pela canela. Uma epopéia. Concluído com êxito o percurso, lá pelas 13 horas, estava almoçando em um sofisticado bufê, na companhia de um bom amigo e sua tia, um velha que confessava ter prazer em fazer fofoca. Comi uma salada, e o primeiro prato. Quando fui me servir do prato seguinte, a maldosa coroa disse que eu comia demais. Meu amigo:
– Mas tia, ele acabou de correr 15 quilômetro, é natural que esteja com muita fome.
Terminado o percurso com sucesso, estava confiante para fazer a prova na tarde do dia 31. Mas antes tive que ouvir gracinha do meu pai:
– Paulo. Por que você não faz o seguinte? Calcula mais ou menos até onde você consegue chegar e deixa o seu carro estacionado nas proximidades. Aí você pára de correr, anda um pouco, pega o carro e volta para casa.
Engraçadinho ele!!!
Muito legal é a reação do público. Não faltou em momento algum incentivo. Mas sempre tem um gozador. Lembro-me bem que eu e meu “pelotão” não tínhamos concluído um terço da prova e um cara disse:
– Os africanos já estão cruzando a faixa de chegada…
E era verdade. O pelotão de elite, sem aspas, fez a prova em 45, 46 minutos. E nós ali ainda nos primeiros sete, oito quilômetros.
O fato é que uma hora e trinta e oito minutos após a largada, eu também estava chegando, exatamente no tempo em que meu treinador disse que eu completaria a prova. E além de tudo, estava me sentindo como se tivesse acabado de acordar. Passei um reveillon perfeito, sem qualquer incômodo ou cansaço.
E quer saber???
Eu ganhei do queniano que julga ter vencido a prova. O cara tem o dobro do meu tamanho, o triplo da minha perna, a metade da minha idade e a metade do meu peso. Corrigindo tudo isso, quem foi melhor o queniano ou eu???
É lógico que eu ganhei dele!!!
Brincadeira minha, uma coisa é o meu tempo e outra coisa é a batida do pessoal de elite. São ordens de grandeza muiiiito diferentes.
Mas se pensar bem…