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Rolling Stones – Nesse Conto, O Show é Quase Um Detalhe!!! No Seu Lugar, Eu Leria!!!

O show dos Rolling Stones logo mais no Morumbi, para o qual já estou com o ingresso aqui na minha mesa, é gancho (termo de jornalismo,  mais ou menos o mesmo que motivo) para eu postar mais uma vez meu conto – MUITO ALÉM DO JANTAR.  Quando fiz o texto, há quase 25 anos, nem se cogitava que eles fariam shows no Brasil.

Amiga estava produzindo uma espécie de sarau e pediu que as pessoas lhe enviassem seus escritos. Enviei-lhe esse conto. Como era trabalho para ser lido em público e que talvez pudesse ser publicado, escrevi uma nota introdutória explicando e deixando bem claro que era mera ficção e que usei os nomes verdadeiros dos principais personagens porque, por mais que minha imaginação fosse fértil, eu nunca conseguiria criar perfis tão bem acabados para o meu objetivo. Minha amiga leu o conto e a explicação e, inconformada, me ligou:
– Ah, que pena – eu achei que era tudo verdade!!!

Leia o conto e veja se vc também queria que fosse verdade. De minha parte,  afirmo: não só queria que fosse verdade, como, principalmente, queria ter participado dessa noitada.

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MUITO ALÉM DO JANTAR

Luis ligou para meu escritório dizendo finalmente ter marcado o jantar na casa dele com Roberto para sábado.

Fiquei uma fera. Era o dia do Show. Embora a imprensa tivesse anunciado que a apresentação no Pacaembu seria única, não era verdade. As grandes estrelas, quando passam por aqui, na mesma noite do show no estádio, costumam se apresentar em uma boate para aproximadamente 500 pessoas. Após esse espetáculo, sempre ficam para o coquetel e jantar. Algumas delas são verdadeiras vedetes. O Pavarotti, na primeira vez em que veio a São Paulo, era um sujeito amável e simples. Pediu para ir jantar com todo mundo em um restaurante típico brasileiro. Tomou uma jarra de batida de limão (de pinga) e comeu vatapá. Agora, depois de ter se tornado um mega star, já se comporta como uma prima-dona. Mas, em geral, são simpáticos. Sobretudo comigo, mulher morena, bonita, sensual com tempero brasileiro e classe européia.

Lógico que esses shows para audiências restritas são sempre muito caros. Nunca menos de 2.000 dólares por pessoa. Eu já havia comprado e pago nossos ingressos. Era uma surpresa para Luís. Só lhe contaria no dia. Afinal, a surpresa acabou sendo minha. Imaginei que durante o jantar, a cada cinco minutos, teria vontade de ir ao banheiro, abrir a bolsa, olhar as entradas e chorar um pouquinho. Poderia até fazer isso. Mas não contaria jamais para ele que tinha comprado os ingressos. Pois sabia que estava almejando a vice-presidência da empresa; o jantar bem produzido com o presidente-executivo, sua mulher, por coincidência filha do acionista majoritário, seria decisivo.

E produção era o que não faltava. Luís pediu que eu cuidasse de tudo. Decidimos o cardápio e não tive dúvidas, liguei para o bufê dos grandes jantares de São Paulo e fiz a encomenda. No sábado, por volta das três, chegam com toda parafernália necessária:

– A senhora escolhe sua toalha de mesa preferida e pode ir para o cabeleireiro que a gente se encarrega de tudo, disse o eficiente e ligeiramente pedante chefe da equipe.

Lembrei-lhe novamente o combinado com o gerente: eles deveriam deixar a coisa encaminhada, eu cuidaria do resto. Às seis, não queria mais ninguém em casa – enfatizei.

Eram verdadeiros artistas. A mesa estava linda, os arranjos de flores deslumbrantes, a comida com aroma indescritível e o bar arrumado de tal forma que eu seria capaz de fazer montes de dry martini de olhos fechados.

O interfone toca, oito horas, pontualmente.

Fomos esperá-los na porta do elevador. Surpresa. Gabriela estava sozinha.

– Papai ligou há cerca de três horas convocando Roberto para uma viagem a Buenos Aires. Agora, devem estar quase pousando. Tá vendo o que te esperava na vice-presidência, Luís? Já que o chefe está longe, acabemos com as formalidades. Sorri, enquanto tira o blazer.

Sob o blazer de Gabriela, uma camiseta de seda preta com alças e decote nas costas até a cintura, velando quase nada do corpo escultural. Luís e eu ficamos embevecidos. Tudo era perfeito: costas, ombros, bocas e seios se destacavam.

– Estou fissurada para experimentar seu famoso dry martini, Elza. Posso ajudar você a preparando os copos.

Pega a faca mais afiada e, em menos de três minutos, põe em cada copo verdadeiras mini esculturas de casca de limão e azeitonas. Ao se inclinar sobre o balcão, os duros bicos dos seios se mostram. Seu sorriso maroto olha para mim e Luís.

– À uma noite de prazeres! – Gabriela brinda.

Quando ponho o último disco de Marina, faz um gesto com o indicador pedindo para nos aproximarmos e, fingindo vergonha, sussurra aos nossos ouvidos:

– Parece coisa de fanzoca boba, vocês vão até rir de mim. Essa camiseta aqui, foi a Marina que me deu. Sou muito amiga dela.

Diz isso, levantando o ombro direito, ao mesmo tempo inclina o rosto até o ombro, com os dedos longos, traz a alça aos lábios, fecha os olhos e beija a blusa.

– Fanzoca boba, nada. Olha o que eu tenho aqui na gaveta, falo enquanto apanho os ingressos.

Luís pergunta por que não falei nada. Em poucas palavras, disse saber que ele queria muito oferecer o jantar ao Roberto. Orgulhoso da minha deferência, sorri.

– Não é possível, diz Gabriela. Se você soubesse o que já deu de briga entre mim e o Roberto por causa deste jantar marcado no mesmo dia dos Rolling Stones. Agora, ele lá com meu pai, certamente se preparando para ouvir tango, e nós três aqui. Aqui e com a cabeça no Mick Jagger!

– A gente pode jantar tranqüilamente e ir para lá, expliquei.

– Mas como, o show deve começar em menos de meia hora?, diz Gabriela.

Ela não sabia da história da segunda apresentação e ficou absolutamente enlouquecida com a possibilidade de ver os Stones cara a cara.

– Luís, tira da cabeça a preocupação com a vice-presidência. Você é o preferido do papai e do Roberto. Também é o meu preferido. Eu tenho 50% das ações da empresa. Vice-presidência é assunto encerrado. Vamos ao prazer, comme il faut: com o dever cumprido e a consciência tranqüila!

Diz isso e acende um baseado que tirou da bolsa, magistralmente enrolado em papel de seda lilás.

– Para todos os prazeres! exclama , como se fizesse novo brinde. Fecha suavemente os olhos e se deleita com uma longa tragada.

– Soube que você se dedica ao estudo do Epicurismo de corpo e alma 24 horas por dia, eu disse.

– Ao estudo diria que dedico só minh’alma e manhãs. A tarde, jogo tênis. À noite, delíros. Pensando bem, acho que meus dias são compostos de 24 horas “epicuristas”: teóricas e práticas – explica, passando o baseado, com a marca e o provocante gosto de seu baton, para mim.

Toma um gole de dry martini e prossegue:
– Escrevo textos para revistas daqui e da França. Não me queixo da vida. Posso fazer o que gosto. Esta noite é o que eu chamo de “meta-delírio-triplo”. A gente está aqui no delírio do dry martini, do baseado, que antecede o delírio do jantar, que antecede o delírio dos Stones, que, sabe lá Deus, pode anteceder outros delírios, diz sorrindo e passando os dedos, úmidos e frios, do contato com o copo, na minha nuca e na de Luís.

– Que tal começar o jantar, ou melhor, o segundo ato do delírio?, sugere, sem jeito, Luís.

– Mais dry martini !

Eu e Gabriela falamos exatamente ao mesmo tempo. Rimos os três. Entrelaçamos os dedos minguinhos, como brincam as crianças, cada uma fez seu pedido, contamos até três, dissemos paf as duas ao desentrelaçarmos os dedos.

– Que ótimo, as duas falaram paf, os desejos de vocês vão se realizar. O que vocês pediram? – pergunta Luís.

– Fiz um pedido para nós três. Quando se realizar, agente vai saber que foi graças a ele. Sempre faço esse jogo e na única vez em que coincidiu de os dois dizerem a mesma coisa, eu tinha feito um super pedido que se realizou na mesma semana! – diz Gabriela.

Ela quer aprender a fazer Dry Martini e diz que me ensina a montar esculturas de casca de limão e azeitona.

Com cinco golpes, suaves porém decididos, prepara as azeitonas e as casca do limão; a mesma eficiência na montagem das mini esculturas. Tão rápido, que não aprendi nada.

Os Dry Martinis seguintes fiz lenta e didaticamente a pedido de Gabriela.

– É inacreditável que uma estudiosa de Epicuro, na teoria e prática , desconhecesse essa fórmula de fumo e Dry Martini como aperitivo. Agora sim, acho que já estamos todos com espírito e paladar preparados para o jantar.

A cada movimento na cozinha e na sala., percebia o profissionalismo do pessoal do Bufê . Grudado na porta da geladeira com um imã, um minucioso passo a passo, datilografado naturalmente, explicava como finalizar cada prato. A musse de salsão deveria ser tirado da geladeira 15 minutos antes de ser servida; o linguado na manteiga com camarão, alcaparra, batata cozida , cogumelo selvagem e arroz com ervas, já nos pratos individuais, esquentar 10 minutos no forno baixo.

Ponho a musse na mesa, abro a garrafa de vinho branco e seco, sirvo água mineral nos copos, vou à sala de visitas chamar Luís e Gabriela.

– Que mesa maravilhosa! Você dever ter tido um trabalhão para fazer tudo isso! – elogia Gabriela.

– Você nem imagina! Você nem imagina! Digo e viro o rosto na direção de Luís para me deleitar com seu sorriso cúmplice. Retribuo com uma rápida piscada e um beijinho no ar.

Luz na intensidade certa, música de câmara ao fundo, vinho datado na temperatura ideal, o sabor exótico da musse: perfeição a serviço do prazer. Gabriela admirava cada detalhe.

– Se vocês tivessem um livro para os convidados assinarem, descaradamente roubaria a frase que uma moça escreveu no livro do saudoso restaurante Pirandello: eu quero morar aqui!

Agradecemos o elogio e ela continuou:

– Sabem quem adoraria esse jantar? Epicuro! Imaginem, o homem iria enlouquecer nessa orgia de prazeres dos sentidos. Ainda com direito a Rolling Stones. Jamais ele voltaria pra Grécia depois de nos conhecer. Certamente acrescentaria no livro dos convidados, na frente do que eu escreveria: EU TAMBÉM!!! E assinaria.

Quando estou na cozinha esquentando o linguado, Luís vem pegar mais uma garrafa de vinho. Enquanto saca a rolha, vira o rosto para mim, me agradece pelo sucesso do jantar e me dá um beijinho na boca. Largo o que tinha nas mãos sobre a mesa, viro-me de frente para ele, abraço-o e damos um longo beijo. Excita-me o roçar dos meus seios em seu macio suéter de cashemere vermelho. Gabriela, da porta, nos observa:

– Eu também quero participar desse amorzinho!

Olhamos sorrindo para ela. Aproxima-se passa a mão em torno de nossas cabeças, dá um suave beijo em Luís e um beijo um pouco mais longo em mim, sua língua pressiona suavemente meus lábios e dentes. Entreabro a boca e nossas línguas se tocam por alguns segundos, ela passa a mão pelos meus cabelos e pescoço. Lentamente se afasta. Sorri. Desta vez, para minha agradável surpresa, Luís não fica sem jeito. Com naturalidade, sorrio. Aquela não era a primeira vez que uma mulher me beijava e, com toda certeza, não seria a última.

Volto para sala de jantar com o linguado. Rolling Stones eram o assunto. Conto que os Stones se apresentaram em várias cidades por onde passei, sempre poucos dias antes de eu chegar, ou uma semana depois de eu partir. Isso aconteceu mais ou menos umas dez vezes.

– Quando Luís me deu a notícia de que o jantar seria hoje, já estava imaginando que o destino queria que eu passasse minha vida toda sem usufruir o prazer dos Stones. Mas, graças a você, Gabriela, parece que vamos conseguir contornar os caprichos do destino. Obrigada. Viro-me para ela, fecho os olhos e mando-lhe um terno beijo de longe.

O linguado e a sobremesa, salada de frutas secas, com conhaque e sorvete de creme – especialidade minha – estavam perfeitos.

– Uma revista de faits divers – frescuras como eu chamo – me entrevistou perguntando qual cardápio escolheria para meu último jantar. Sushi, sashimi e doses reforçadas de saquê, respondi. Se me fizessem a mesma pergunta manhã, tenham certeza de que enumeraria todos os pratos e bebidas deste jantar deslumbrante. – diz Gabriela.

Assim que tomamos o último gole de vinho do Porto, levantei-me e disse:

– Let’ s go! Mick jagger waits for us!

Fomos no carro de Gabriela, um jaguar 2005 branco. Luís entrega os dois ingressos e quatrocentos dólares ao porteiro que, satisfeito, chama o maitre, passa-lhe 150 dólares, e manda que ele nos arranje uma boa mesa.

Melhor impossível: a mesa central da primeira fila. Ficaríamos a pouquíssimos metros dos Stones. Fomos ao banheiro retocar a maquiagem. Cheiramos quatro fileiras de coca sobre uma longa e fina lâmina de ágata preta com um mini cilindro de prata do arsenal que Gabriela trazia na bolsa. Traçamos a estratégia (infantil, mas poderia funcionar como ovo de Colombo).

– Ao delírio, ela diz, antes de abrir a porta do banheiro. Sorrio olhando fundo em seus olhos. Ela se aproxima. Como o show já estava começando, tínhamos certeza de que dessa vez nada iria interromper nosso beijo.

Voltamos ao salão. Tocavam uma balada lenta. Time is on my Side. Jagger, no primeiro momento, fuzila-nos com seu olhar e, em seguida, entre dois versos, diz, irônico, porem carinhoso: Wellcome. Com um pouco de vergonha, mas envaidecidas com o cumprimento, julgamos que essa passagem facilitaria o plano.

Pode parecer pretensão minha, mas, pelo menos em relação aos homens, sentia que Gabriela e eu roubávamos um pouco a atenção da platéia. Seu eu disser que até entre os Stones percebia-se uma certa fissura por nós duas, serei taxada de megalomaníaca? Mas era o que estava acontecendo. Keith Richards chega perto de Jagger, sussura-lhe algo nos ouvidos, e também nos cumprimenta. Sorrimos todos.

Por em prática a etapa seguinte, agora que o objetivo estava atingido, seria até covardia, mas éramos maquiavélicas.

Gabriela e eu nos entreolhamos. Com um sinal afirmativo, decidimos que o momento estava próximo. No intervalo entre as músicas seguintes, levantamos-nos e, lenta e sincronizadamente , tiramos nossos blasers. Platéia e Stones não desgrudam os olhos de nós duas por uns cinco minutos.

Durante o coquetel, eles cumprimentam, um a um, todos os presentes. Deixam nossa mesa por último. Jagger e Richards perguntam a Luís se podiam juntar-se a nós. Pedimos duas cadeiras ao garçon.

– And a bottle of Borbon, for us.

Não precisamos nem traduzir. Antes do show, os garçons haviam levado garrafas e garrafas de borbon para eles e toda a troupe.

Não se passaram nem quinze minutos, quando a conversa estava fluindo legal, Jagger é chamado pelo empresário para uma festa na casa da filha do patrocinador da turnê. Não esconde sua decepção:

– Todos na banda trabalhamos duro, mas os melhores frutos quem colhe são sempre eles quatro. Isto há quase trinta anos.

Colher frutos? – pensei. Tá certo que era o que eu e Elza desejávamos : transformar aquela noite num imenso pomar. Mas vai ser direito assim lá no primeiro mundo!

Jagger despede-se com um abraço em Luís, um beijo no rosto de Richards e de nós duas com fugazes, porém deliciosos, beijos na boca.

– Finalmente um carro de verdade – diz Richards ao ver o Jaguar de Gabriela. Pensei que aqui no Brasil só houvesse as carroças do Collor pro povão e esses carrinhos japoneses dos yuppies.

– Que tal mais rodada de salada de frutas e bebidas na casa de vocês? – sugere Gabriela.

Gabriela faz uma descrição tão entusiasmada de todo o jantar, sobretudo da salada de frutas, que Richards brinca.

– Vocês não sabiam que os carros ingleses voam nas horas de emergência. Isto é uma emergência, ele diz pro carro e ordena: Voe.

Gabriela acelera para voarmos “dentro da madrugada veloz” sobre a pista da Cidade Jardim.

Luís e eu voltamos para sala com a salada de frutas, Gabriela e Richards beijavam-se. Convidam-nos para sentarmos. Ela sugere um reforço de fumo para aguçar os sentidos.

– Eu sou um cara de sorte. Estou aqui com o que o Brasil tem de mundialmente famoso: suas mulheres e sua maconha.

Dá uma tragada, um beijo em Gabriela, nova tragada, e me beija com fissura. Ao mesmo tempo, Gabriela dá um longo beijo em Luís, que lhe acaricia os seios por dentro da roupa. Fingindo um pouco de indecisão , Gabriela tira a blusa. Antes de recomeçar a beijar meu namorado, aproxima-se de mim pelas costas e, dizendo querer solidariedade, também tira minha blusa e me dá um longo beijo na nuca acaricia-me os peitos e sussura-me aos ouvidos:

– Eu não disse que meus pedidos na brincadeira do pif-paf sempre se realizam.

Richards pega seu copo e brinda:

– Aos prazeres que Mick deve estar desfrutando na casa da filha do empresário!

Morremos de rir do seu sadismo.

Acordamos, os quatro na cama de Luís, às onze horas da noite do domingo.

Gabriela não parava de rir:

– Pretensiosa como ninguém, na minha cabeça, o Caetano tinha feito a música Totalmente Demais para mim. A partir de agora, vou passar a considerar mais essa hipótese.

Às gargalhadas, resumimos a música e traduzimos a teoria de Gabriela para ele, que emendou com uma dúvida :

– Me digam uma coisa, todas as noites de vocês são assim?

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Talvez não haja no Universo alguém que não gostaria de viver uma noite dessas!!!!

Porque os Africanos Correm Tanto

A propósito da São Silvestre, que nesse momento está no meio, no meio para os bons,  dois microtextos muito bons do amigo Fernando Vasqs, a respeito do desempenho dos africanos em corridas.

Lá vão:

Costumes
Rito de passagem no Quênia é assim: põe-se o garoto na frente de um tigre. Se o tigre comer o garoto , ele tá reprovado. Se não, um dia ele ganha a São Silvestre.
Caça
Não pense que um garoto queniano corre atrás de um tigre para abatê-lo . Um garoto queniano só corre atrás de um tigre pra chegar primeiro.
Bom 2016 para todos!!!

Haicais no Campo

Grupo Ipê de Haicai reuniu-se hoje para o Ginko  – a saber, passeio no campo para se inspirar com o que se passa ali no momento.  Foi em um sítio em Caucaia do Alto, no  Município de Vargem Grande Paulista, próximo a S. Paulo.  Churrasco leve, acompanhado  de alguns legumes japoneses e composição de  Haicais pelos presentes.

Haicais são tercetos com versos de 5,7 e 5 sílabas, em geral abordando assuntos da natureza; verbos e adjetivos devem ser evitados, como também a opinião do autor.

Os três mais bem votados de hoje.

Terceiro Lugar – Ane Ramos

Lá fora flores

No salão animado

Sons do oriente

Segundo Lugar – Benedita Azevedo

As gotas de chuva

As trombeteiras curvadas

Fazem reverência

Primeiro Lugar – Teruko Oda

Súbito alvoroço

Pega-pega de andorinhas

No vasto horizonte

Um haicai meu escrito e apresentado hoje – Não foi escolhido, mas foi elogiado.

Silêncio no Jardim

Pios de passarinho

E gotas de chuva.

 

Alguns haicais de Millôr Fernandes:

 

Na poça da rua

O vira-lata

Lambe a Lua

 

 

O pato, menina,

é um animal

com buzinha.

Mais haicais de Millôr e outros autores, clique

Quer saber mais sobre o tema???  Clique aqui , veja bons  hacais e aprenda um pouco da teoria.

Insulfilme – Realidade e Ficção

Permitir que  carros com vidros nigérrimos   circulem pelo país é absurdo que minha cabeça não é capaz de  entender.

Fiz conto a respeito.  Já devo ter escrito aqui várias vezes a sobre o tema.   Vou postar o conto a seguir.  A leitura do conto é mais agradável, assim sugiro que leia primeiro um dos textos abordando aspectos sérios da coisa, digo, infernais insulfilmes.

Bem, antes de passar aos textos propriamente ditos, minha atitude no trânsito nos dias de hoje.

Sempre fui gentil, sobretudo no trânsito.  A pessoa olhava para mim, indicava que queria/precisava entrar na minha frente por qualquer razão que fosse,  eu sorria, acenava que sim com a cabeça ou fazia um de dedão de positivo.  Pois bem, hoje se um motorista com vidros negros no carro encontra algum obstáculo e está precisando mudar de mão e entrar na minha frente, eu não deixo.  Meu raciocínio é simples, lógico e respeitoso: se ele não quer ser visto, faço questão de atender seu desejo e ignorá-lo.

Link para o texto sério –  clique aqui

Lá vai o conto:

Vidros Negros

Laura estava mais do que Feliz com os vidros nigérrimos que acabara de colocar  no seu Golf.  Tão bons, mas tão bons, que, em plena luz do meio dia,  sol a pino, ela mal conseguia  distinguir a cor das pessoas na rua.

Para comemorar a novidade,  Dry Martini com Tanqueray e Noilly Prat, no Tops, sofisticado  bar/restaurante  perto da Rua Augusta.

– D. Laura, mas a senhora caprichou mesmo nesses “vidros filmados”, hein???   Nem vi que era a senhora, disse o Porteiro,  quando ela abriu a porta.

– Segurança, Tião, Segurança…

– Vai com calma nos drinques, viu  D. Laura???!!!

– Tião, cê sabe que nunca bebo mais do que dois drys martinis.  A partir do terceiro, não sou mais eu, é outra pessoa, falou repetindo a frase de algum ator famoso, cujo nome nunca conseguia lembra-se, principalmente depois dos drys martinis…

Medonho e Pimentinha, que moravam no Treme-Treme da Rua Paim, não acreditaram.

Eles beiravam à marginalidade,  vendendo um ou outro objeto de procedência incerta.  Sim, vou dar a eles de lambuja que não saber de onde vinham, notebooks,  Iphones, Ipads, Aifodes,  e todo tipo de gajets que revendiam, sempre por menos da metade do preço das lojas, não seja contravenção.  Crimes, crimes mesmo, assaltos a mão armada, essas coisas,  não eram com eles.

– Aquela delícia vai sair de lá  de dentro bêbada igual a um peru, disse Medonho,  esfregando as  mãos e lambendo os beiços.

– E nós estamos às vésperas do Natal,  Medonho!!!

Caíram na Gargalhada.

– Pimenta, o Espírito de Natal ainda não  baixou em você???

– Lógico,  Medonho.   O próximo lap top que a gente “comprar” vou dar para minha madrinha levar para o orfanato onde ela é voluntária.

– Que generosidade mais mesquinha, Pimenta.  A minha vai ser bem mais generosa, você vai ver!!!

Todo mundo que  trabalhava na região   servindo  os bacanas era chapas deles;   os eletrodomésticos que tinham em suas casas haviam ganho da dupla.

Não enfrentaram  qualquer  dificuldade para  entrar no estacionamento, onde estava  o carro de Laura, umas duas horas depois que  ela havia entregue ao  Manobrista.  Quando ouviram o porteiro gritar o número do cone sobre o Golf, rapidamente, se acomodaram entre os bancos.  Ninguém percebeu coisa alguma.

– Dona Laura, Dona Laura, tô vendo que a senhora  tava mesmo seca por Dry Martini!!!

Os dois riram da gracinha  de Tião.

– Vai com Deus, Dona Carla!!!

– Pode deixar, Deus protege as crianças e os bêbados, no caso bêbadas.  Tchau Tião!!!
Quatrocentos metros depois do restaurante, Carla sente  uma ponta de faca em sua barriga:

– Perdeu, Playboy, Perdeu!!!  Digo,  Playgirl!!!

E gargalharam de mais uma gracinha infame.

– Toca para a Raposo,  lá a gente escolhe um motel.

– Calma Pimenta, calma .  Agora é a hora da minha generosidade de Natal.  Liga pro Tiozinho Teotônio do 51 do nosso prédio, fala para  tomar dois Viagras porque ele vai participar da Festinha com a gente.

No caminho  do restaurante ao Treme Treme da Rua Paim, da Rua Paim até o Motel  Too Much Love, na Raposo, cruzaram com dezenas de policiais.  Ninguém viu ninguém que estava dentro do Carro.

Pimenta, que, como o próprio nome de Medonho denuncia, tinha aparência mais legal,  sentou-se no Banco da Frente. Passou para Laura uma carteira de identidade falsa  que ela entregou na Portaria.  Antes que Carla entrasse com o carro na área dos apartamentos,  falou para a Funcionária:

– Por gentileza, pede um bom Champagne Branco, Um Rosé e quatro taças para nós.

Os três  divertiram-se muito até altas horas.

Ao Abrir a Segunda Garrafa, Teotônio, animado como nunca, saúda:

– Um brinde a vocês  e ao Inventor do Viagra.

– Pimenta, eu não lhe disse que minha generosidade seria muito mais generosa do que a sua???, falou,  orgulhoso,  o senhor Medonho.

No dia seguinte, a primeira providência de Laura foi levar o Golf à Loja de Auto-Peças:

– Arranca logo essa porra de insulfilme do caralho!!!, gritou ao abrir a porta.

Sossego!!!

Semana passada, microconto meu,  sobre os um dos  infernos de hoje,  ganhou o Mini Menor Slam de Poesia do Mundo, concebido pelo poeta Daniel Minchoni.  O menor Slam do Mundo é para Poemas de até 10 segundos.  O mini menor, que abre a programação, só aceita   poemas de até 3 segundos.  Como meu negócio é microcontos, participei – e venci – com esse.

Pane no Celulares

Sossego no Mundo.

 

Será que esse dia chega???

Logo Mais, 25º Encontro Brasileiro de Haicai, em Santos.

Um pouco, na verdade muito, em cima da Hora.  Logo mais, às 7,30,  começa, em Santos,  o 25. Encontro Brasileiro de Haicai.  Será ETEC “Dona Escolástica Rosa”. Av. Bartolomeu de Gusmão, 111 – Bairro Aparecida – Santos, SP.

Grosso modo, Haicai são tercetos com  versos de 5-7-5 sílabas.  Há algumas regras, que tornam a coisa muito menos simples do que parece.  Em geral, há haicais para cada estação do Ano.

Conheça alguns haicais  de Primavera.

 Dia de primavera —
Os pardais no jardim
Tomam banho de areia.

Onitsura
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A tranqüilidade
De andar sozinho,
Divertir-se sozinho.

Shiki
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Tranqüilidade —
O monge da montanha
Espia através da cerca.

Issa
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Outro longo dia,
E a primavera
Vai chegando ao fim!

Buson

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Dias que se alongam —
Cada vez mais distantes
Os tempos de outrora!

Buson
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Vai-se a primavera!
Lágrimas no olho do peixe.
Choram as aves.

Bashô
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Morto de cansaço,
A primavera chega ao fim
Enquanto durmo.

Kitô
++++++++++++++
Farfalhando,
A primavera se vai
No capim do prado.

Issa

Abaixo, dois  de   Millor Fernandes.

 

 

Gostou????

Então, apareça logo mais.  Eu vou.  Vou dormir para poder ir.

Informações:

25º Encontro Brasileiro de Haicai
Premiação do 14º Concurso Brasileiro de Haicai Infanto Juvenil 2014-2015
Concurso de Haicai: O Grande Desafio
07 de Novembro de 2015
ETEC “Dona Escolástica Rosa”
Av. Bartolomeu de Gusmão, 111 – Bairro Aparecida – Santos, SP
Informações: GRÊMIO HAICAI IPÊ – terukooda@gmail.com
Programação
7h30 Recepção às caravanas de alunos e professores
8h00 às 13h00: Café da manhã, visita ao Aquário Municipal de Santos, Almoço
13h00 às 14h20: Inscrições para o Concurso de Haicai
14h25 às 14h50: Anúncio de tema e criação poética
15h00 às 16h00: Atividade cultural
16h15 às 17h00: Cerimônia de Premiação e Encerramento

Dia dos Irmãos – Parabéns e “Inveja” dos que Se Amam!!!

Acabei de saber que hoje é Dia dos Irmãos.  Tenho teoria e frase.

Primeiro o mais chato, teoria.

A relação mais complicada do mundo é entre irmãos.

Amigos, você escolhe.  Tios, primos você nem vê.  Pai e mãe, por terem posto os filhos no mundo,  os amam e os filhos também, em respeito, em agradecimento, amam os pais.  Agora,  irmãos…

Acho lindo irmãos que saem juntos, têm amigos  comum, que estão sempre se visitando.  Aliás, acabei de falar isso para os Poetas  Thiago  e Carol Peixoto.  Disse, literalmente:

– Morro de inveja de vocês!!!

(Essa inveja é sentimento bom.  Inveja sentimento ruim seria se eu fizesse algo para deteriorar a relação entre eles.   Daqui a pouco,  vou  ao aniversário de uma colega de classe da faculdade  Denise Ribeiro; ela e a irmã, Lili,  se adoram.  Parênteses vai ficar grande. Voltando à inveja,  quando o sujeito diz  que inveja do automóvel  Mercedes do meu vizinho, é um sentimento bom.  Sentimento destrutivo seria se ele fosse lá e riscasse com um prego o Mercedes.)

Com alguns irmãos (irmãs) me dou (dava – morreram)muito, muito,   bem mesmo; mas, trata-se de relação complicada;  já com outros…

Minha frase;  primeira Parte é domínio Público:

– “Feliz foi Adão que não teve sogra nem caminhão” e, muito menos, irmão.

Feliz dia dos Irmãos  e, repetindo, morro de “inveja” se você se dá bem com seu irmão(irmã)!!!

POBRES MOTOBOYS…

Morte de Motoboy no Rio de Janeiro,  provavelmente apenas por ter causado extenso e demorado congestionamento, recebeu destaque no Jornal Nacional, há pouco.  Só  na cidade de São Paulo,  em 2014, 440 motoqueiros morreram.  Em 2013, haviam sido 403 motociclistas mortos aqui em S. Paulo.

Bom microconto, de menos de 140 dígitos, meu.  Bom,  porém  muito triste.

Motoboy entrega, volta
Motoboy entrega, volta
Motoboy entrega.

Para o que Serve Um ÇAPATO???

Sapato com Ç Pisa em Minhoca

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Já havia postado esse microconto de seis palavras , mas a bem humorada ilustração do amigo Fernando Vasqs desapareceu.  Aí,  perdeu a graça.  Coloco novamente.

Se quiser conhecer mais do sofisticado trabalho do Fernando Vasqs,  veja o Blog Calorosa Salada – Clique aqui