Jornalismo Investigativo – Profissão de Risco e De Futuro Nesse Nosso Brasil

Mais um artigo do amigo, médico-psiquiatra Armando de Oliveira Neto.  Desta vez, ele fala da Feira de Profissões de que participou,  dos temas abordados e aspectos que ficaram por dizer, sobretudo a respeito do Jornalismo Investigativo, considerado pelo articulista Profissão do Futuro.  Com riscos, mas do Futuro!!!

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Orientação Profissional – Por  Armando de Oliveira Neto *
Na semana passada, após gentil convite dos organizadores, participei da “Feira das Profissões”, no St. Paul College.

Na oportunidade, com dezenas de profissionais, ficamos sentados junto a pequenas mesas e respondemos as mais variadas dúvidas dos alunos de diversas séries daquela entidade de ensino.
Foi uma experiência extremamente agradável e gratificante pelos resultados obtidos imediatos, registrados pelos semblantes satisfeitos daqueles jovens.

Como psiquiatra, os temas/ perguntas a mim dirigidos(as)   foram os mais variados a cerca da matéria/tema – FEIRA DE PROFISSÕES.

Uma questão, entretanto,  permaneceu comigo: qual das profissões teria um futuro excitante e de futuro garantido?

A resposta que me veio foi a do Jornalismo Investigativo.

Num país como o Brasil, com a classe política e os três poderes uníssonos, Legislativo, Judiciário e Executivo, permanentemente contribuindo com farto, e. penso, que quase infindável material de corrupção, desmandos e absoluta falta de compromisso para com o próximo, com o cidadão, com o eleitor e com a Pátria, não haverá falta de matéria para ser investigada.  Matérial que renderá reportagens devastadoras e infindáveis.

Publicado  o que se investigou e escreveu, ainda há riscos:

1.    A permanente frustração pelo fato de não redundar em efeito punitivo aos criminosos, mas isso se cura com alguns anos de atividade, quando poderá, o profissional, desenvolver uma tolerância à frustração, que só aumenta com o passar do tempo.
2.    Um atentado à sua vida, tal como vem sendo noticiado pelos órgãos de proteção ao jornalismo, como a IPA, mas com um bom colete à prova de balas e certo cuidado na condução dos trajeto de rotina, poderá ter minimizado o risco, sem se esquecer de um seguro de vida substancioso.

É isso que deixei de relatar àqueles jovens e tenho dúvidas sobre o acerto dessa escolha…

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Armando de Oliveira Neto
Médico Psiquiatra
Aposentado do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica
Do Hospital do Servidor Público Estadual
Médico Assistente do Hospital Infantil Cândido Fontoura
Professor/Supervisor pela Federação Brasileira de Psicodrama

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Se quiser ler mais esclarecedores e oportunos  artigos  de Armando de Oliveira Neto, clique aqui – O primeirO texto que vai aparecer é esse mesmo e o segundo  não é do Armando, apenas cito seu nome para corrigir leve injustiça que eu havia cometido.  Os seguintes são dele.  Desfrutem e aprendam com quem entende.

1 pensou em “Jornalismo Investigativo – Profissão de Risco e De Futuro Nesse Nosso Brasil

  1. Mayr, venho aqui, mais uma vez, meter minha colher no prato que não me pertence. No Brasil há três poderes. Mas há outros, mal explicados ou mal entendidos em nossa Constituição de 1988. Um deles é o ministério público (estadual e federal) que hoje possui uma independência impar, como se fosse um poder. Isso foi proposto com o objetivo de não se criar obstáculo político à investigação. Boa idéia. Só que ainda não funcionou; ou antes, tem funcionado mais para aumentar o corporativismo da classe. Segundo, as forças armadas, que não aparecem como poder, mas que claramente é de difícil interferência política ou popular. Isso para que se dediquem exclusivamente a segurança armada da pátria e dos direitos/obrigações previstas na constituição. Também funciona mal e mal, com grande corporativismo e muito general se achando mais do que o cargo que ocupa. Não invento, apresento os fatos, basta estar inteirado das notícias. Outro é a imprensa, que hoje nem está subordinada a lei alguma, e por esta razão goza hoje de uma independência nunca antes vista em nosso país. Melhorou alguma coisa em nossa imprensa? Hoje publica-se muito e prova-se pouco. Isso depõe contra a credibilidade, que é a base da imprensa.
    Alguns dias atrás li uma entrevista do escritor e jornalista americano Jonh Dunning em que ele cita um fato ocorrido com ele, jornalista investigativo.
    Ele foi trabalhar em certo jornal no centro oeste americano e logo elaborou uma reportagem investigativa sobre revendedores de carros usados que reduziam a quilometragem de veículos para revende-los por melhor preço. Coisa pequena.
    Pois bem, se não me engano, o jornal onde ele estava trabalhando tinha um história espetacular. Nos anos 1930/1940, moveu uma cruzada contra a KKK – Ku Klux Klan, após a histórica reportagem de Martha Gellhorn (“Justiça à noite” – O grande livro do Jornalismo – Ed Jose Olympio – Martha, uma repórter desconhecida que assistiu acidentalmente o linchamento de um negro, escreveu uma matéria extraordinária – depois ela se casou com Ernest Hemingway.
    O jornal deve ter pago um preço alto pela ousadia, visto que no início a Klan era uma força poderosa formada por empresários e pessoas influentes e tinha uma adesão enorme junto a população (basta ver no youtube os desfiles que organizavam, muito parecidos com os dos nazistas).
    Pois bem, Dunning levou a matéria ao jornal e o redator, depois de consultar seus superiores, disse a ele que não publicaria a sua reportagem investigativa sobre a fraude dos revendedores de carros, porque isso afetaria a venda de publicidade, já que os revendedores eram grandes anunciantes e pagavam bem pelos anúncios. Dunning foi embora. Desnecessário dizer que decepcionado.
    A imprensa (escrita e rádio-televisiva) hoje, do meu ponto de vista, está muito dependente de bancos/financeiras/anunciantes e perderam a independência necessária. No nosso mundo de hoje quem tem grana manda; e quem não tem obedece.
    Hoje essa imprensa está capenga, morre não morre, passando maus pedaços e vivendo de migalhas. Basta ver as tiragens; muito pequena em face a enorme população. E vão às bancas e voltam em grande número. Vendem pouco. (No jornal do Barão de Itararé havia um slogan impresso sincero: “Único jornal diário que sai uma vez por semana. E se voltar apanha.”) .Resta os jornais Metros e a internet – notícias gratuitas.
    Há espaço nessa nova mídia para as reportagens investigativas. Acho que sim. Mas serão feitas por grandes jornalistas. Acho que não. Daí resultar que a imprensa investigativa precisa achar o tom, buscar o azimute, senão vai dispersar talentos e esforços.
    Quem na nossa imprensa brasileira publicaria hoje “Um dia que abalou o mundo” – de Jonh Reed; quem publicaria a reportagem investigativa ainda hoje histórica de Jonh Steinbeck “Morte na poeira”, que trata dos trabalhadores sem terra americanos – tipo MST?
    Bom assunto para conversa. Um abraço e obrigado por estimular o debate.
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    Caro Sidney:

    Bom comentário, tão bom quanto o artigo do meu amigo Armando. Seu comentário e o texto do Armando me deram assuntos para fazer um novo post.

    Abraços

    Paulo Mayr

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