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Abaixo TV nos Bares e Restaurantes – em Prosa e Verso

Sempre odiei televisão em lugares públicos, sobretudo nos  bares e Restaurantes.  Já escrevi a respeito.  Alegrou-me ver hoje na Revista da Folha que não estou sozinho.  Fabrício Corsaletti concorda comigo.  Leia primeiro os divertidos versos dele e a seguir o meu protesto em prosa. Também na Folha já havia lido opinião  semelhante à nossa.

Balada contra bares com TV
Fabrício Corsaletti – Em Verso

gosto de livro e cinema
de churrasco e de saquê
gosto de pop e Velásquez
e um pouquinho de pavê
gosto de samba e de rock
sou tarado ni você
gosto dos anos 60
e até do rio Tietê
mas uma coisa eu detesto —
é boteco com TV

prefiro ficar em casa
beber sozinho, morrer
a assistir no fim do dia
o Datena enlouquecer
prefiro ir pra Liberdade
me humilhar no karaokê
ou, melhor, sonhar na rede
com uma baiana e dendê
pois juro que não suporto
botequim que tem TV

que moda mais desgraçada!
de plasma ou de LCD
o mundo não tem mais jeito?
esperem pelo 3D!
sei que (viva o dicionário
e o Tom!) “matitaperê”
é ave cuculiforme
esquilo, “caxinguelê”
só não entendo, e abomino
taverna que tem TV

enfim, não falo mais nada
me cansei, fazer o quê
porém lamento e protesto
contra bares com TV

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Televisão Ligada 24 Horas por Dia – Em Prosa – EuPublicado aqui no Boca em 24/6/2010
Suponho que as crendices do tipo comer manga com leite faz mal, gato preto cruzando o caminho traz má sorte, apontar estrela com dedo faz nascer verruga, sexta-feira 13 é dia de azar sejam meras superstições. Não ajudam, mas também não atrapalham e, principalmente, ninguém se beneficia delas.

Já o mito que se criou de que ver televisão no escuro faz mal tinha  um objetivo claro: imbuir na cabeça de todo mundo que a televisão não precisa de uma atmosfera   propícia para ser vista.  Usei o verbo no imperfeito (tinha) porque hoje não tem mais.  O objetivo foi mais do que atingido.  Televisão ligada 24 horas por dia  passou a fazer parte do mobiliário de todo o lugar a  que se vá.

Na mesa ao lado da minha em um agradabilíssimo restaurante de Ubatuba, senta-se um jovem casal com uma filhinha de uns cinco anos.  A menina trazia uma pequena tv portátil e dezenas de dvds que ela  botou para assistir durante o jantar.  Se no dia do seu casamento a hoje menininha  levar uma versão  em miniatura dentro de um óculos para o altar, não ficarei nem um pouco surpreso.   Aliás, suponho que essa televisão estivesse  instalada no carro da infeliz família  para  assistir (inclusive quem está guiando) enquanto se locomove.   Se é proibido não sei.  Já vi.  Se não é proibido,  deveria  ser: tanto no trânsito quanto cometer a indelicadeza de levar um trambolho para incomodar os vizinhos de restaurante.  Literalmente, para usar bordão do Boca, búfalos em férias!!!

Véspera de Copa do Mundo, nos pouquíssimos  lugares onde não havia televisão, elas começam a ser instaladas.   A Copa acaba e elas não serão desinstaladas.  Já há quase um celular para cada brasileiro.  Creio que exista mais de uma televisão por  bar/restaurante aqui no Brasil.  É aporrinhhação que não tem fim!!!

Televisão em bares/restaurantes deveria ser determinado pelo bom-senso e educação que seria  ligada em uma única oportunidade: jogo do Brasil na Copa do Mundo e só.  Aliás, em consideração aos garçons/funcionários e todos aqueles que estejam trabalhando porque ou bem se assiste ao jogo ou bem se janta/almoça.

Frase minha sintetiza bem a coisa.  Podia ter poupado todo mundo de tantas palavras e colocado apenas a frase.  Lá vai:

O sujeito sai para jantar fora, mas a televisão não pode “sair pra fora” do jantar dele.

E quem não é búfalo que durma (coma) com um barulho desses!!!

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