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Liberdade é uma Coisa; Barbárie é outra.

As salas de cinema e de teatro cumprem a lei e antes do início de cada sessão informam a respeito de hidrantes, saídas de emergência e da proibição de fumar. Solicitam ainda que a platéia permaneça em silêncio, desligue os celulares, e não faça barulho.

Acontece que a falta de educação e a falta de respeito pelo próximo imperam e essas solicitações de nada adiantam. A platéia imagina que quando os atores estão em silêncio é a deixa para bater papo com o amigo, namorada e começa a conversar com se estivesse em uma sala de visitas, no mesmo volume de voz, inclusive. Muitos esquecem de desligar o celular e, acreditem, atendem o celular sem a menor cerimônia. Nessa selva, certamente o búfalo (elemento grosseiro, verdadeiro bárbaro, no mau sentido) que se limita a mandar jatos de luz no olho do vizinho a cada dois minutos para verificar quem ligou, considera-se verdadeiro príncipe, de tão educado.

Um conhecido meu que freqüenta círculos endinheirados atribui a falta de educação ao fato de as crianças não serem mais educadas pelas mães e sim pelas babás. Sendo ou não as babás responsáveis, o certo é que abusos continuados não podem ser admitidos. Vítimas de uma barbárie rapidinha (rapidinha pra barbárie é curioso, né???; rapidinha combina muito mais com substantivo imensamente mais saboroso) todos nós somos o dia inteiro e a maioria nem se dá conta. Agora, agüentar o búfalo ao seu lado durante duas horas, conversando, fazendo barulho com papel de bala e de pipoca, mandando jatos de luz no seu olho a cada cinco minutos, apesar de acontecer em todas as sessões de cinema e de teatro, é demais e deveria ser mesmo proibido.

Curioso que numa época em que seguranças imensos fardados de ternos pretos circulam por todo lugar o tempo todo, nas salas de cinema não exista um único funcionário para reprimir e até mesmo expulsar aqueles que incomodam. Se for complicado explicar para o segurança o que incomoda, basta fazer que ele assista àquele filminho de proibições que já existe e dar autoridade para ele expulsar da sala quem estiver desobedecendo o que diz o filminho.

Saída mais divertida também existe, mas julgo que não fará o menor efeito. Alguma cadeia de cinema poderia lançar um concurso para escolher o roteiro de um filme/animação de um ou dois minutos que ridicularizasse ao máximo esses bárbaros que tanto incomodam nos cinemas e nos teatros. O autor do roteiro premiado teria a produção do filme e honorários bancados pelo promotor do concurso. A cada tantos meses, poderia ser produzido um novo filme com o mesmo intuito. Para baratear a coisa, uma ou mais cadeia de salas de cinema/teatro poderiam patrocinar essa iniciativa.

Esse filme seria exibido sempre antes do início de cada sessão. Segurança de terno preto do tamanho de um armário estaria de prontidão em todas as sessões apenas para lembrar que o filminho é para valer. Aliás, deve fazer parte do roteiro do filme que o anúncio é sério e um segurança está ali para provar isso.

Não me venha ninguém dizer/escrever que minha idéia é de ditador, de nego autoritário, de cara mal humorado. Quem me conhece sabe que não sou nada disso. O que sugiro é o mínimo dos mínimos. E digo mais, sem querer ser megalomaníaco: algum órgão do governo, ligado à educação, deveria até me mandar um email agradecendo pelo texto.