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O Papa e os Smarth(espertos?)phones!

Anteontem, o Papa Francisco,  em  celebração de missa no Vaticano, reclamou do uso de celular/máquina fotográfica.

Bon Jovi, há algum tempo, durante show do U2, lá pelas tantas pediu/perguntou:

–  Dá para parar  de fotografar e curtir o show?

Note que a plateia fotografando ou não o cachê do grupo já estava garantido.

Pois bem, na segunda feira, escrevi a crônica abaixo, que tem muita relação com os episódios acima. Lá vai:

TÍTULO – C L A R O

Eu odeio celular. Sempre odiei. E não quero, em hipótese alguma, ser obrigado a desodiar essa geringonça, que trouxe o inferno pra Terra.

Minha namorada Ana é um encanto de pessoa e, logicamente, tem celular. O celular dela, smartphone de última geração, traz problema estrutural sério, que ela descobriu esses dias. O número da linha do Roney Ranei, cantor de música sertaneja, que, como todo cantor sertanejo, quando canta, parece estar no banheiro, tem um único dígito diferente do dela. ´

É o dia inteiro de fanzoca idiota ligando pra dizer que quer dar pra ele uma semana sem parar e outras baixarias:

– trocar de escova de dente com ele.
– trocar o barbeador dele pelo depilador dela
– trocar dez pontas de unhas dos pés e dez das mãos com ele.
– trocar uma calcinha sem lavar por uma cueca dele, idem sem lavar

Lógico que na segunda-feira mesmo, ela vai à operadora escolher outro número.

Combinamos que eu, à tarde, assistiria ao Filme Borg x McEnroe, o último dia em cartaz; ela iria ao cabeleireiro com a mãe e à noite nos encontraríamos, logo em seguida, já que o cinema era ao lado de sua casa, lá na zona sul. Quarenta minutos depois de nos despedirmos na padaria, ela liga para a minha casa.

– Paulo, adivinha o que aconteceu.
– Ana, como eu posso saber?
– Eu esqueci o celular aí. Você traz pra mim à noite?
– Não se preocupe, eu levo.

Estava com tempo de sobra para chegar bem antes de a sessão começar. Entro no carro, enfio o telefone no porta-luvas. Mas o carro não pega de jeito nenhum. Meto o celular no bolso e lá vou eu caçar taxi. Tive sorte, pois a vizinha de cima estava chegando com um.

– Por favor, Shopping Morumby.

Foi eu entrar no cinema e uma voz de mulher vinda do meu bolso diz em alto e bom som:

– Raney, quero trocar meu baby doll com seu pijama de ursinho.

Peço desculpas aos vizinhos e aperto o botão de desligar. Tá emperrado o maldito do botão. Trinta e cinco segundos depois, outra mulher, diretamente do meu bolso:

– Raney, quero uma meia usada sua para coar meu café todos os dias!

Dois caras da plateia, um no meio do cinema e outro no fundo, ao mesmo tempo, dizem frases muito semelhantes:

• Desliga essa PORCARIA, seu IMBECIL!

• IMBECIL, desliga essa PORCARIA!

Tô falido, quebrado. Rápido fiz contas:
ortopedista + Hospital + só andar de taxi enquanto tivesse engessado, infinitamente mais caro do que o aparelho da minha amada.

Não tive a mais tênue dúvida. Coloquei o idiotaphone no chão e meti o salto do sapato sem dó.

LIGEIRAMENTE estressado, assisti ao filme.

Toco a campainha.

– Ana, você nem imagina. Estava vindo a pé pra sua casa, fui assaltado por dois sujeitos armados e levaram seu smarthphone.

– Não tem problema, meu amor, o importante é que você está vivo.

Rindo por dentro, pensei:

“Não era Vivo, era Claro a, como delicadamente disseram os caras do cinema, PORCARIA do celular.”

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