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Palavrões nas Quadras de Condomínios São Apenas a Pontinha do Iceberg

Condôminos  que  gritarem  palavrões nas quadras, ou das janelas, de alguns condomínios em dias de jogos de futebol estão sendo multados, de acordo com reportagem da Folha de S. Paulo de hoje, com direito à chamada na Primeira Página do Jornal.  Quem quiser ler, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff3105201101.htm. Há moradores que concordam com as multas e outros que dizem que o Palavrão faz parte do futebol. 

Sobre esse caso específico, não tenho uma opinião definida.  Talvez se não houver crianças por perto, se  forem uma exceção e não uma constância, se não forem bradados a todo fôlego… Talvez esses palavrões não incomodem  tanto.

Morar em condomínio, pelo menos condomínio comum de classe média (já que assaltar prédio de tubarão virou bom filão)  tem a vantagem IMENSA da segurança. Vai viajar, basta instruir o zelador que não é para receber coisa alguma excepcional, além de correspondências.  Se houver necessidade de entrar no apartamento, caso de um pouco provável vazamento, basta dizer que determinado morador do prédio, seu amigo,  tem cópia da chave. 

É legal que o prédio disponha de  uma área para crianças brincarem. Isso e só, nada além disso.  Piscina, academia de ginástica, as tais quadras servem para aumentar a possiblidade de desentendimentos/discussões e, principalmente, engordar  a taxa de  condomínio.  Associar-se a um clube é bem mais interessante.

Que há desavenças, lógico que há,  e muitas.  Em primeiro lugar porque aquilo que o pessoal da nossa faixa de idade, mais de cinqüenta, aprendeu está fora de moda, aliás, existe mas em sentido inverso.  A gente ouvia os pais dizerem: a liberdade de cada um vai até onde começa o direito do próximo.  Hoje é exatamente o contrário: a liberdade dos búfalos e ilimitada e o cidadão que vá se acuando e perdendo seus direitos fundamentais. 

A falta desse aprendizado básico está dentro de outro quadro.  Teoricamente quem mora em um determinado condomínio está dentro de um mesmo nível de grana.   Acontece que na mesma faixa de renda,  o desnível/a diferença de educação é  coisa absurda de grande.

Um casinho para concluir.  Antes da democratização das TVs a cabo, o sistema para pegar uma gama maior de canais, salvo engano, era através de Antenas Parabólicas.   Uma meia dúzia,  de dois ou três  moradores, que não conhece (m)outra forma de lazer que não a televisão (que pode deixá-los/ou deixou-os “burros/muito burros demais”) queria porque queria que,  às expensas do condomínio,  fosse instalada a parabólica e ainda se cobrasse de cada condômino individualmente  uma taxa de mensalidade.  Uma das primeiras  moradoras do prédio , senhora que hoje tem noventa anos de idade, elegantíssima, disse que não podia e que não ia arcar com essa despesa extraordinária e  desenecessária.   Um comerciante, que havia se mudado recentemente para o prédio, foi taxativo:

– Se a senhora não tem nível para morar aqui, mude-se para a periferia.

A senhora levantou-se indignada e ia saindo do salão.  Eu falei para ela que o elemento havia sido infeliz na maneira como se expressou e coloquei panos quentes.

Quando todo mundo foi embora,  ela me disse:

– A sorte daquele sujeito foi você ter entrado na história.  Porque eu ia ligar para o meu sobrinho e ele viria aqui e ia quebra a cara dele.

O sobrinho dela, meu conhecido, além de ter dois metros de altura,  era sujeito super influente no governo do Estado, tendo sido (e talvez até na época do episódio) Secretária da Segurança Pública do Estado.