Amigo meu, cuja paixão maior é meter o pau no Brasil, enviou um dos seus inúmeros emails semanais com seu objetivo. O de agora há pouco era notícia dando conta do que escreveram dois estudantes que participaram da última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na redação, cujo tema era a Imigração Italiana para o Brasil, um deles colocou receita de macarrão instantâneo e outro, trecho do hino do Palmeiras. O do macarrão teve 560 pontos em mil e o do Palmeiras, 500.
Mil anos atrás, ao filho de um parente, que hoje é advogado de grande empresa, formado pela São Francisco, no Jardim da Infância ou pré-primário de colégio da elite, foi pedido que falasse ou escrevesse uma frase com a palavra vela.
Ele não teve dúvida:
– Na minha praia tinha uma macumba.
Eu achei interessante, principalmente porque desde os dois anos de idade, esse aspecto de consciência de classe dele (minha praia) sempre foi muito forte. Bem, eu gostava do menino e era suspeito, mas a professora deu nota máxima.
Pelo que se deduz, crianças da elite têm direito a total criatividade. Já os carentes do Enem precisam seguir estritamente o que lhes é pedido; caso contrário, são ironizados, quase hostilizados por todos, Jô Soares no meio. Lembram-se daquele quadrinho que há ou havia no programa do Jô para ridicularizar erros cometidos em redações???
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