RECREIO SEM FIM

De 27.09.06

Todos, absolutamente todos, os grupos de pessoas que se reúnem obedecem a certos critérios, sob pena de reuniões se tornarem caos. Todos, exceto um. Para esse único grupo, provavelmente quanto mais caos houver, mais seus participantes gostam, se divertem. Afinal eles estão ali, ao que parece, é para se divertir, brincar, como bem disse uma atriz que, coitada, teve que participar de encontro com eles no território deles.

Crianças, jovens, adultos e professores vivem sua rotina nas salas de aula em uma dessas situações. Em geral, o professor expõe um tema na frente, próximo ao quadro negro e os alunos -SENTADOS-ouvem. Alunos podem pedir a palavra e se manifestar. Nos seminários, um ou mais aluno(s) fica (m) na frente, expõe(m) uma idéia e todo mundo fica sentado ouvindo o colega. A outra situação é o intervalo/recreio, quando eles conversam, comem um sanduíche ou tomam um cafezinho/refrigerante.

Reuniões profissionais, em geral um ou mais visitante é atendido em uma sala de reuniões. Se houver uma cadeira que se destaca, quem recebe senta-se nessa cadeira e as visitas se sentam nas outras.

Até mesmo nos treinos de qualquer time de futebol, seja do milionário Barcelona do Ronaldíssimo Gaúcho ou dos Sem Chuteiras Fuebol Clube, há um bom senso para fazer a coisa render.

São mais ou menos quatro situações: os atletas, todos eles, fazendo exercícios físicos Os jogadores divididos em dois times, ensaiando jogadas, fazendo coletivo. Quando participam de um rachão ou joão-bobo é para descontrair, para relaxar a musculatura, não é para brincar, não. O João-bobo tem objetivo. Em todas essas atividades, o técnico e/ou preparador físico ditam as normas. Em todas essas situações, mesmo durante a descontração do João-bobo, há uma certa seriedade. Ninguém fica tomando refrigerante, ninguém fica batendo papo com o companheiro ao lado. E olha que os jogadores são adolescentes ou a jovens adultos, a grande maioria gente muito simples, em geral com pouca instrução e algumas vezes extremamente infantis.

Observe-se ainda que tanto o recreio/intervalo dos alunos quanto a brincadeira de João bobo dos jogadores de futebol têm um ponto final.

Já no Congresso Nacional…..

Ah, aí o recreio não tem fim. Suponho que além daquela mesona que existe naquele palcão lá em cima, haja uma belíssima cadeira e uma mesa para cada congressista se sentar e ouvir aquele que está lá em cima. Mas eles são garotos indisciplinados e não há um professor ali a quem eles devam obediência. Aí é uma festa!!!!!!!!!! Muitos ficam amontoados em cima daquele que está falando. Será que é para aparecer na televisão e mostrar pro eleitor de seus estados que eles têm participação decisiva nos rumos da nação??? Outros ficam aos gritos no celular, muitas vezes ao lado desse que está falando; falando no microfone, porque batendo papo estão todos. Há diversos grupinhos de dois congressistas, caminhando pra cá e pra lá, em geral um deles segurando no braço do outro. Curiosa essa mania que eles têm de segurar no cotovelo do cara com quem estão conversando. Experimente segurar o cotovelo de uma mulher de personalidade por mais do que três segundos. Ela puxará o braço com toda a força e não admite que isso se prolongue por mais um único segundo.

Tudo isso sem contar a tal história do quórum. É assim: determinada matéria será votada no Congresso na terça-feira. Se houver quorum, naturalmente. Se houver quorum é tão implícito e aceito como uma lei da física. Alguém já chegou a uma agência bancária, a um shopping, a uma escola ou a qualquer outro lugar da vida real e encontrou um funcionário que estava ali apenas para informar que permaneceriam com as portas fechadas por falta de quorum??????????????

A atriz Denise Fraga, num dia em que deu quórum, há cerca de oito meses/um ano, foi ao Congresso Nacional tratar de assunto da classe artística e ficou estarrecida com o ambiente.

Com fabuloso poder de síntese, ao contrário do detalhamento desse texto, ela disse: Fiquei impressionada. Parecida um bando de garotos em volta de uma bola de futebol.

Calma lá Denise Fraga: não ofenda nossos garotos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

De maneira alguma, tenho saudades da Ditadura. Mas não posso deixar de pensar em Aristóteles e principalmente no pessoal do Casseta e Planeta. Aristóteles disse: “o homem é um animal político”. Casseta e Planeta: “O Homem Político é um animal!!!!!!!!!!!!!!!”

Domingão tem eleição!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

INFELIZMENTE SOU TEIMOSO, NÃO PERSISTENTE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

De 26.09.06

Tenho boa memória e não sou tão novo.

Na Copa de 70, estava com 16 anos. Lembro-me bem de muita coisa a respeito. O time do Brasil chegou ao México desacreditado. Paulo Maluf era prefeito de S. Paulo (não vou repetir aqui, por não poder provar, a versão que explicava na época a escolha de seu nome para o cargo). Pois bem, ouvi e li nosso prefeito, então no início de sua famosa carreira política, afirmando que se o Brasil fosse campeão do mundo , ele daria um fusca para cada jogador e (salvo engano) membro da comissão técnica. Pois bem, o Brasil foi avançando, avançando e Maluf recuando, recuando. Já não era mais Paulo Maluf, na terceira pessoa como tanto gosta de dizer, mas sim a prefeitura de S. Paulo que daria os carros. Só pegar os jornais da época e ver.

O Brasil ganha a Copa, Maluf, com dinheiro da prefeitura, dá os carros, alguém entra na Justiça contra o prefeito que usara o dinheiro público.

Passam-se 35 anos e, com a rapidez que lhe é peculiar, a justiça Brasileira em última instância conclui que Maluf era inocente, uma vez que teve o aval da Câmara de Vereadores para fazer o que fez.

Deixa eu entender, como dizia uma ex-namorada: para descobrir que Maluf teve o aval da Câmara e que só esse fato era a prova e condição suficiente de sua inocência, a justiça (com j minúsculo mesmo) levou 35 anos?????????

Um parênteses desnecessário: os jogadores de então não eram milionários como hoje, mas em hipótese alguma se justificava tirar dinheiro da população com suas carências crônicas para premiar esportistas bem sucedidos.

Em conversas, desde essa época, relato o fato, digo que o cidadão não pode crer em mais nenhuma instituição do país . Logicamente, não saí pregando depredação de nada nem qualquer vandalismo. Entretanto, afirmava que uma forma de eu mostrar meu descontentamento e decepção com tudo, seria eu votar nulo até o fim de minha vida. Ainda dizia que, infelizmente, eu sou teimoso e não persistente. Embora meu dicionário eletrônico aponte que teimoso e persistente sejam quase a mesma coisa, na minha cabeça o persistente tem convicção da coisa e o teimoso apenas teima e a simples teima, além de parecer birra de criança, é muito mais fraca do que a convicção.

Pois bem, acho que sou apenas meio teimoso pois não pretendo anular todos os cinco votos, talvez apenas dois…. Ah, que inveja tenho dos persistentes!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Espero até antes da eleição expor ou, como dizem os analfabetos pretensiosos de hoje, “estar expondo” aqui minha opinião sobre o nosso glorioso (nem precisa por aspas, né??????????) poder legislativo (também em minúsculas, naturalmente!!!!!!!!!!!!!!!!)

Frases Publicadas nos Livros do Roberto Duailibi

De 22.09.06

Nota introdutória
Os que me conhecem bem e mesmo os que me conhecem mais ou menos não agüentam mais essas minhas frases e também já sabem que tenho um livro pronto apenas com frases minhas – cerca de 300 – sobre os mais diversos assuntos. Estou à procura de editora para botar o livro na Rua. Lá vão essas frases publicadas. Se vc nunca me ouviu falando uma dessas frases, pode ler que é diversão garantida.

Em tempo, o fabuloso músico Wilson Rocha, Wilson De Repente do Clube Caiubi, selecionou cerca de dez frases abaixo e fez uma música igualmente fabulosa.

Frases de Paulo Mayr Cerqueira publicadas nos diversos livros do Roberto Duailibi.

Quanto mais sou obrigado a deixar recados com filhos e empregadas de amigos, mais me apaixono por secretárias eletrônicas.

Ser novo-rico pode ser ridículo, mas deve ser ótimo. Trágico é ser novo-pobre.

No instante final, um anjo deveria vir nos avisar de que seríamos ressarcidos de todo o tempo perdido no trânsito.

Os projetos de vida foram substituídos por estratégias de sobrevivência.

Sentimentalmente, ela era tão quente quanto uma mulher inflável. Sexualmente, a inflável era melhor.

Agora que já nasci, sou a favor do controle da natalidade.

Livre-arbítrio é cada um ter seu próprio aparelho de televisão.

Às vezes, a alegria do dono do circo é ver o palhaço pegar fogo.

O sujeito que carrega um revólver dentro da calça não tem o menor amor pela pistola.

Não fazer barulho já é fazer muito.

Na vida, quem não sabe escrever sessenta é sempre obrigado a preencher dois cheques de trinta.

Mentira que detesto suar a camisa. Se preciso for, jogo tênis o dia inteiro.

“Metade da humanidade passa fome e metade faz regime”. Resumindo, a humanidade inteira passa fome.

Só os bêbados conseguem, de fato, perceber que o mundo está girando.

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Nota “Conclusória” para combinar com Nota Introdutória
Gostaram??????? As minhas outras 300 frases também são muito boas. Me ajudem a encontrar editora e patrocinadores que logo mais estarão todas elas reunidas à venda nas boas casas do ramo, banca de jornal, posto de gasolina,aeroportos, rodoviárias…ect, etc, etc…”!!!!!!!!!!!!!!!!!

EDMUNDO

De 21.09.06

Segunda-feira, há alguns anos, por volta das 13 horas.

No Domingo, o Edmundo fora expulso com toda a pompa que seu nome requer. Muitas pernadas pra todo lado, um monte de polícia pra retirá-lo do campo, mais tentativas de pernadas nos policiais e assim por diante. Não tenho nada contra esportistas irreverentes, audaciosos e temperamentais. Pelo contrário, sou fã do John McEnroe, Nélson Piquet, entre outros. Também admiro esportistas bem comportados, é verdade. Aliás, faço restrição a poucas celebridades. Jogador de futebol, propriamente dito, só me lembro de um que realmente não agüento. Um dia posso escrever alguns episódios sobre ele.

Voltando ao Edmundo e àquela segunda-feira.

Estava com meu pai em um super-mercado de porte médio. Meu pai foi pagar as contas dele em um caixa e eu estava no caixa diametralmente Oposto. Meu pai é um homem de 85 anos, de ótima cabeça e das pessoas mais educadas do mundo. Fala muito alto, como todo velho, é verdade. Apesar de extremamente educado e tratar os humildes com imensa consideração (aliás, trata bem todo mundo), vira uma verdadeira fera se é alvo de qualquer arrogância e ou estupidez. E parece que arrogância e estupidez eram os grandes atributos do gerente que foi atendê-lo.

Pois bem, meu pai não deixou barato. Com toda a razão, começou a gritar e a esbravejar com o tal gerente.

A moça do Caixa que estava me atendendo falou rindo para todos à sua volta:

– Ih gente, olha lá o Pai do Edmundo!!!!!!

Peguei meu troco às gargalhadas com a definição da mulher. Sem dizer nada, evidentemente.

Meu pai se diverte até hoje contando essa história para todo mundo. Eu, por minha vez, ganhei um irmão famoso!!!!!!!!!!!!!!!

Educação Formal x Educação Informal

De 20.09.06

Celulares e seus donos disparam em todo lugar a qualquer hora do dia e da noite; cachorros metem o focinho em sua canela nas ruas/parques/lojas/shoppings/padarias; você tem que, literalmente, fugir de carros que invadem calçadas em velocidade para entrar ou sair de garagens, quando não para estacionar nas próprias calçadas. Essas situações, entre inúmeras outras a que somos submetidos diariamente, mostram que Pedro Nava não exagerou quando disse não se lembrar de um único dia de sua vida em que tivesse saído de casa sem ser agredido. Aliás, como costumo dizer, desde sua morte (suicídio), alcançamos imenso progresso: hoje, o caminhão de gás, o alarme, que também dispara e não pára, e o cachorro do vizinho (ah, mais uma vez o cachorro!!!) nos poupam o trabalho de sair de casa e até mesmo de levantar da cama. Você é invadido em seu sono, sua mais profunda intimidade, que deveria ser, até mesmo por lei, preservado.

A tese de mestrado de um conhecido meu, em cuja casa me hospedei, mostrava, entre outras coisas, que há dois tipos de educação – a formal e a informal. Provavelmente ele abordava outros assuntos mais inéditos, dos quais não me lembro, mesmo porque esse dois tipos de educação já foram estudados na pedagogia.

A formal a criança “aprende” na escola – ler, escrever, quatro operações, história, geografia e etc.

A informal, adquire-se em casa, no convívio com os pais, irmãos, tios, vizinhos, amigos, pais de amigos…

É a educação informal que dá conta de fazer com que a criança aprenda manusear talheres, tratar com consideração os mais velhos, não interromper quem está falando. Aliás, aqui cabe um lamento: pais de todos os níveis sociais, de todas as culturas, levaram anos ensinando isso. Se imaginarmos que cada pai já falou pelo menos uma vez a respeito do assunto para seu filho e multiplicarmos por bilhões de habitantes, chegaremos a números espantosos. Pois bem, o celular atirou, precipício abaixo, infinitas horas de dedicação de civilizações inteiras. Hoje, duas pessoas estão conversando. O celular de uma delas toca. Sem o mais tênue constrangimento, ela atende, conversa a vontade, e deixa o outro com cara de idiota esperando. Aliás, celular e cachorro constituem capítulos especiais.

Apropriando-se da “tese” do meu conhecido, percebe-se que o grande problema, paradoxalmente, é a precariedade daquilo que ele chamou de educação informal. É aí que se encontra a causa da imensa maioria das pragas que assolam nosso dia a dia. Porque uma relativa educação formal todos possuem: o serralheiro sabe (relativamente) lidar com ferro, sabe fazer contas; a faxineira sabe (relativamente) fazer faxina e entende o eventual bilhete que a patroa deixa e assim por diante.

Parece até ironia, mas esse meu conhecido/anfitrião era o exemplo mais perfeito de que ele e sua tese haviam acertado na mosca.

Estava na casa de um sujeito de refinada educação formal – possuidor de título de mestre. Pois bem, quanto à educação informal, não vou definir. Limito-me a relatar dois fatos sem fazer qualquer comentário:

1) Os vinhos, razoavelmente bons que levei para ele, foram servidos em copos de massa de tomate.

2) O banheiro que tinha espelho não tinha água na pia e vice-versa. De certa forma era prático, pois o simples barbear já me deixava com a consciência tranqüila de que podia dispensar o Cooper diário.

Parece engraçado mas, como diziam os versos de Billy Blanco, cantados por Elis Regina , “o que dá pra rir /dá pra chorar/problema só de hora/ e lugar”. E na maioria das vezes é de chorar mesmo.

Outro dia fui obrigado a mudar de lugar em um restaurante pois era impossível suportar o perfume de duas peruas que se sentaram à mesa ao lado.

Frescura minha????????????? Um caso a parte???????????? Pois bem, seguem-se outros. Poderia relatar dezenas em diversas situações. Vou me restringir a dois ou três.

Durante 25 anos, fui vizinho de político de imenso prestígio e muito bem conceituado em nossa República. Naquele tempo, não havia 0,00001% do pavor de seqüestro/assalto que “assaltou” o país nos últimos tempos. Pois bem, sua mulher, bacharel em Direito do Largo São Francisco, duas quadras antes de chegar em casa, metia a mão na possante buzina de seu carro do ano importado e só largava depois que o empregado abria-lhe o portão. Aliás, o empregado, embora tenha trabalhado nessa família por algumas décadas, permanecia analfabeto.

Infelizmente, vou ter que baixar bem o nível.

Um ótimo técnico em computação e o segundo homem mais importante no Brasil de uma das maiores multinacionais do planeta, com quem já tive a desventura de jogar tênis, têm em comum duas coisas: a sólida educação formal que lhes permite dominar ciências altamente complexas em seus ofícios e a renitente recusa em usar lenço, embora ambos tenham renitente renite alérgica. É isso mesmo – os dois assoam o nariz com a mão. Aliás, André Agassi, um dos dois únicos tenistas vivos a terem conquistado os quatro torneios do Grand Slam, além de também não ser adepto do lenço, faz questão de expulsar impurezas do nariz na direção da câmera de televisão (leia-se bilhões de telespectadores) que o está focalizando em primeiríssimo plano.

Saudoso Pedro Nava, acho que começo a entender porque você não agüentou a barra!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

GUIMARÃES ROSA – Filme e Grupo de Leitura

Admiradores do grande escritor Guimarães Rosa têm diversão garantida para todas as quarta-feiras até o fim do Ano.
Depois de amanhã (24/10), na 31ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – Categoria Competição Novos Diretores – será exibido o Filme Mutum, inspirado em conto do mesmo nome de Guimarães Rosa. A direção é de Sandra Koguti e o roteiro de Ana Luiza Martins. O filme foi rodado em Três Marias, Minas Gerais. Do elenco fazem parte alguns moradores da Região. Tiago, garoto de oito anos, da pequena e pitoresca cidade de Morro da Garça, que fez o papel de Miguelim, deverá estar presente. A exibição de Mutum, será na quarta-feira – 24/10 – às 20:30 no Cine Bombril 1 – Av. Paulista, 2073 – Conjunto Nacional. Telefone 3285- 3696. Ingressos: Inteira – R$ 13,00 e Meira – R$ 6,50. Censura Livre

RODA DE LEITURA

Todas as quartas-feiras (exceto 24/10), a partir da 18 hs, no Instituto de Estudos Brasileiros na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo, grupo de interessados se reúne para ler e conversar a respeito dos textos de Guimarães Rosa. Rosa Haruco Tane, uma das participantes, explica que o objetivo é reunir pessoas que gostam do Autor e aqueles que queiram se iniciar no assunto. O Grupo é aberto à participação de todos os Interessados. Atualmente estão sendo lidos os contos do livro Tutaméia.

Como foi dito, na quarta-feira desta semana não haverá essa reunião, pois os participantes irão ao filme Mutum.

Mais informações, tanto sobre o filme quanto sobre a Roda de Leitura, com Rosa Hurco 9351-8760.

Atrás de Insulfilm quem pode estar??? Um avestruz???

A primeira página da Folha de hoje traz foto de carro importado com esses vidros nigérrimos de carros fúnebres sendo assaltado por pivetes armados na região do autódromo de Interlados.

Motoristas alegam que esses vidros são colocados para a segurança deles.

Uma pergunta: o que os motoristas imaginam que os assaltantes pensam que está na direção de um carro – importado do ano ou Pois é da década de 70 – ??? Um avestruz????

Não tenho e nunca tive e nem terei esses vidros no meu carro. Não poder usufruir de dias radiantes maravilhosas ou até mesmo ver a chuva cair por conta de medo, para mim é inconcebível. Se por alguma razão eu vier a colocar esses vidros, saibam todos que estarei muito infeliz,deprimido e depressivo.

Senador carismático – Isso existe???

Faculdade de Direito privada de Goiás dá aulas particulares para o senador Marconi Perillo e para sua mulher, informa a Folha de S. Paulo de hoje. O Ministério Público Federal pediu na Justiça o fim desse privilégio. A direção da Faculdade justificou-se dizendo que se os dois fossem colocados em sala normal, o “carisma” deles “faria com que fossem asediados por colegas, o que prejudicaria as aulas”.

Nunca tinha ouvido falar nesse senador, logo não tenho nada contra nem a favor dele. Mas a audácia da direção da escola de afirmar que o “carisma” de algum membro do legislativo em Brasília poderia causar assédio preocupa. Ou a direção da faculdade é de uma ironia que não tem tamanho, ou a coisa é ainda muito mais grave. Ou seja, responsáveis por um órgão de ensino superior não têm a menor noção do que signifique a palavra carisma.

Infiel e Ayaan Ali , Cavalos de Tróia do Imperialismo???

A Editora Companhia das Letras lançou nesta semana o Livro Infiel da escritora Ayaan Hirsi Ali. Estava prevista para amanhã palestra dela em S. Paulo que foi cancelada por problemas pessoais da autora que não pode viajar, conforme informa hoje nos Jornais a Editora.

A propósito do livro e, principalmente, do papel que Ayaan está desempenhando no cenário Mundial, apoiando a política dos Estados Unidos de dominação do mundo, Guilherme Lobo, engenheiro, escreveu o polêmico artigo que se segue. Boca No Trombone enviou o texto dele para a Companhia das Letras se pronunciar. A Assessora de Imprensa da Editora, Renata Megale, informou, por telefone, às 16,25 hs de ontem, que a empresa não iria se manifestar sobre o assunto.

Assim sendo, publico a seguir o polêmico comentário. O texto é longo, e vale a pena. O autor ainda dá algumas fontes que podem ser usadas para pesquisa.

Se você quiser fazer algum comentário sobre o texto que se segue ou ainda Botar a Boca no Trombone sobre qualquer assunto, mande mensagem para meu email e verei o que pode ser feito. paulomayr@ig.com.br

Tomem fôlego pq o texto é longo, complexo e traz muita informação.
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Cavalo de Tróia da Somália sábado em SP
Por Guilherme Lobo por ocasião do lançamento do livro Infiel em outubro 2007

Estava prevista para amanha na Livraria Cultura do Conjunto Nacional em São Paulo a palestra de um cavalo de Tróia despachado pelo Sr. Paulo Wolfowitz, aquele que recentemente foi destituído da presidência do Banco Mundial por corrupção, e que arquitetou os genocídios em curso no Iraque e Afganistão.

O cavalo de Tróia original foi um presente de grego dos gregos aos troianos. Durante a guerra de Tróia, os gregos que a sitiavam engendraram um embuste para tomá-la. Na Antiguidade era usual um general derrotado render seu próprio cavalo ao vitorioso. Os gregos construíram um grande cavalo de madeira e o trouxeram para as aforas dos muros de Tróia e o ofertaram como sinal de respeito e derrota. Exuberantes, os troianos aceitaram-no e comemoraram em seguida em grande estilo. Já bêbados, não se deram conta quando alguns poucos guerreiros gregos desembarcaram do interior do cavalo e abriram as portas dos baluartes de Tróia, em seguida invadida e dizimada pelos gregos.

A grande batalha geopolítica que hoje se trava tem contornos militares e ideológicos. De um lado o Império e seus estados vassalos defendendo o direito americano de intervir em qualquer país que se oponha aos seus interesses (ver excertos do discurso do senador Roberto Byrd ao cabo deste texto). Do outro, alguns estados tentando exercer sua soberania.

Os Estados Unidos continuam crendo serem a nação ungida para ditar os destinos de outros países pelo fato de terem libertado um continente alheio dos horrores do nazismo, malgrado haverem despejado duas bombas atômicas em japoneses inocentes. O AEI [Instituto Americano de Empresas], uma Casa do Saber de direita, constitui um exemplo acabado da forma como esta ideologia é disseminada.

Sua missão é “defender os princípios e melhorar as instituições da liberdade americana e capitalismo democrático – governo limitado, empresa privada, liberdade e responsabilidade individual, defesa vigilante e efetiva de políticas estrangeiras, responsabilidade política e debate aberto” (extraído de www.aei.org)

A guerra do Iraque, um genocídio para a matança indiscriminada de inocentes, constitui um exemplo da forma como esta missão é operacionalizada. Em http://www.aei.org/publications/contentID.20070906163304235/default.asp podem ser obtidos mais detalhes. Atualmente o grande projeto do AEI é aniquilar a população do Iran, pelo fato de se recusar a se curvar aos ditames do Império

A justifica para o genocídio iraquí exige se diabolize o Islam, em particular o praticado por insurgentes que não se curvam aos ditames do Império. As diatribes de uma muçulmana renegada contra o Islam são água para o moinho do AEI, uma útil ferramenta para a campanha de propaganda que tenta justificar o massacre. Daí a concluir que o sangue muçulmano é mais barato é um passo, e tudo estará justificado da mesma forma como era justo que os nazistas eliminassem judeus.

Claro está que o AEI imediatamente contratou esta apóstata, a Sra. Ayaan Hirsi Ali e está promovendo a divulgação de seu livro em diversos países do mundo. Para se ter uma idéia de quão legítimo é este cavalo de Tróia despachado por Washington, basta ler um excerto do folheto da Companhia das Letras para vender o seu livro.

“É uma vida de horrores, marcada pela circuncisão feminina aos cinco anos de idade, surras freqüentes e brutais da mãe, e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura do crânio”.

Já o portal apresenta a autora assim: “Autobiografia de uma mulher extraordinária, que foi criada nos costumes tribais da Somália, sofreu mutilação sexual e espancamentos brutais na infância, foi muçulmana devota, fugiu de um casamento forçado, tornou-se deputada na Holanda, clamou pelos direitos das muçulmanas, criticou Maomé e está condenada à morte pelo fundamentalismo islâmico”.

Tal e qual um cavalo de Tróia, nenhuma advertência sobre quem é a Sra. Ayyan Ali. Na Holanda até 2006 foi deputada e quadro do VVD, partido de extrema direita que defende a xenofobia e a expulsão de imigrantes que têm orgulho de suas próprias raízes, por dificultar a integração em seu novo pais; justo no pais que recebeu a família de Baruch Espinoza quando expulsa de Portugal por ser judeu no século 17. É uma ironia que sua cidadania holandesa haja sido cassada pelo governo holandês enquanto o VVD estava no poder.

Os anúncios de venda e promoção do livro omitem o fato que o governo holandês cassou sua cidadania holandesa por haver mentido ao preencher a documentação de asilo, ocultando o fato que já dispunha de asilo político de outra nação, e praticando falsidade ideológica (seu verdadeiro nome é Magan e ñ Ali).

Ademais a autora revela que teria sido submetida a um casamento forçado, porém oculta o fato que se tratava de um casamento arranjado (bem diferente de forçado) e que ela concordou com este casamento por lhe convir, pois o noivo vivia no Canadá. E em consonância com sua personalidade, abandonou o vôo de África para o Canadá quando este escalou na Alemanha. De lá foi para a Holanda onde pediu asilo político. Enfim o caráter da Sra. Ayaan em nada fica a dever a um cavalo de Tróia.

Enfim em um mundo que se torna cada dia mais polarizado, com os neo conservadores se atribuindo todos os direitos, e com a China e Rússia se opondo claramente a esta divisão, é necessário muita cautela ao ler um livro escrito por uma autora cujo curriculum está eivado de traições, mentiras, e adesões por conveniência. Afinal a autora prima por instigar o ódio, e fomentar o preconceito. Recorre a uma técnica clássica e muito eficaz, nomeadamente: a divulgação da violência sofrida é forma segura de granjear adeptos para a vítima que muitas vezes capitaliza sobre esta piedade para deturpar conceitos para seu próprio beneficio. A vida da Sra. Ayaan Hirsi Ali é um exemplo acabado desta técnica. O fato da Sra. Ayaan haver sofrido violências não lhe outorga o direito de recorrer a técnicas abjetas para comercializar a própria imagem e vender seus livros.

Não se trata de defender o Islam ou o Irã; trata-se de defender a verdade e mormente o direito de não sermos empulhados pelos interesses do Império, de seus agentes e pela ânsia vendedora da Companhia das Letras.

O Império arma muito bem sua teia de interesses, e muitos para sobreviver preferem ignorar as verdades inconvenientes. Como muito bem colocou Bertold Brecht no famoso trecho em que o personagem não reagia às injustiças porque não era judeu, tampouco muçulmano e muito menos homossexual.

Em 19 de março de 2003, antes do inicio do massacre do Iraque, um senador americano, Roberto C. Byrd de Virginia Ocidental, previu o início da tragédia americana. A seguir trechos de seu discurso condenando o então projeto de invadir o Iraque. Em verdade faria melhor a AEI direcionando para o senador sua verba para salvar a imagem dos EUA que aplicando na neo Condolência Rice.

“Hoje choro por meu país. Eu tenho acompanhado os eventos dos últimos meses com o coração pesado. Não é mais a imagem da América forte e benevolente guardiã da paz.

Em vez de debater com aqueles de quem discordamos, exigimos obediência ou ameaçamos com recriminações. Em vez de isolar Saddam Hussein, parecemos haver isolado a nós mesmos.

Dizemos que os Estados Unidos têm o direito de disparar na direção de qualquer canto do mundo onde pode haver um suspeito, na guerra contra o terrorismo. Afirmamos esse direito sem a sanção de qualquer organização internacional. Como resultado, o mundo se tornou um lugar muito mais perigoso. Nós alardeamos nosso status de superpotência com arrogância. Tratamos os membros do Conselho de Segurança da ONU como ingratos que ofenderam nossa dignidade principesca ao erguer suas cabeças. Alianças valiosas foram rompidas.

Depois que a guerra acabar, os Estados Unidos terão muito mais a reconstruir que o Iraque. Teremos que reconstruir a imagem da América no mundo todo.

O que está acontecendo com este país? Quando foi que nos tornamos uma nação que ignora e desvaloriza seus amigos? Quando foi que decidimos correr o risco de minar a ordem internacional, adotando uma abordagem radical e doutrinária para usar nosso espantoso poder militar? Como é que pudemos abandonar os esforços diplomáticos, quando a agitação dos movimentos em todo o mundo clama pela diplomacia?”

Jogo do Domingo- Reminiscências, Kaká e Big Brothers da Vida

Pega bem dizer que o Galvão Bueno é chato e que fala muita besteira. Quando se junta um grupo para assistir a qualquer coisa narrada por ele, a preocupação passa a ser zombar de praticamente todo comentário que ele faça.

Discordo frontalmente desse consenso babaca. Primeiro lugar, considero o Galvão super competente. Argumento mais que óbvio: se não fosse competente, não estaria onde está. Sempre que começam as gracinhas sobre qualquer deslize que ele comenta, eu digo.

– Bota qualquer um de nós para ficar falando durante mais de duas horas ao microfone e você vai ver quanta besteira vai sair.

No jogo do domingo, conversando com Paulo Roberto Falcão, muito simpático, ele informou que o centroavante colombiano Falcão Garcia fora batizado com esse nome em homenagem ao nosso craque. Paulo Roberto Falcão, agora comentarista da Globo, que estava ao seu lado, reiterou que, de fato, ele havia jogado com o pai do colombiano, daí a homenagem.

Galvão passa a bola para o comentarista de arbitragem, ex-juiz, Arnaldo César Coelho, e pergunta se havia algum colega que batizou o filho com seu nome. César Coelho, sorrindo, diz que árbitros não costumam receber esse tipo de homenagem.

Homenagem a juiz de futebol me fez lembrar passagem pitoresca. Armando Marques, tido como um dos melhores árbitros do Brasil, também dos mais polêmicos, era amado e odiado por jogadores e torcedores.

Cometeu erros históricos, e até primários, como todo mundo. Numa decisão por pênaltis, no Final do Campeonato Paulista de Futebol de 1973, entre Santos e Portuguesa, o Santos vencia por 2×0. Ele deu por encerrada as cobranças e o título para o Santos. Acontece que restavam dois pênaltis ainda a serem batidos e a Portuguesa, teoricamente, poderia empatar. Por conta desse erro, o título foi dividido entre os dois clubes.

Mas ele era considerado o melhor árbitro enquanto esteve em atividade. Era enérgico com todo mundo e impunha muito respeito e disciplina. Outra característica sua eram os gestos excessivamente delicados, se me entendem.

Amigo do aristocrata e grande costureiro Denner, que morava nas imediações do estádio do Pacaembu, Armando, sempre após apitar jogo ali, ia à casa dele para uma cerveja.

Em um desses jogos, provavelmente após algum erro acompanhado dos famigerados trejeitos, as arquibancadas gritam sem parar:

– BICHA, BICHA, BICHA!!!!

O mordomo do amigo vira-se para o patrão e diz:

– Seu Dener, acho melhor eu já colocar a cervejinha do seu Armando no gelo!!!

Kaká 1

Ainda sobre o jogo do domingo, Galvão, usou jargão do mundo da Política para uma situação do Esporte. Disse ele que o Kaká já havia mandado   recado para o Dunga que não gosta de jogar de costas para o Gol. Mandar  recado é coisa que só serve mesmo para política, esse confuso mundo que mortais comuns, por mais inteligentes que sejam, não conseguem decifrar. Tenho certeza de que todo o problema que o Kaká tenha com o Dunga e vice-versa, um vai lá e fala pro outro e fala durante o treino mesmo, na frente de todo o time, sem segredinhos para ninguém, sem necessidades de interlocutores. Pois bem, foi eu sair da sala, atrás de um papel para anotar essa observação que me renderia essa nota e, ao voltar, o competente Galvão estava fazendo sutil correção. Embora eu tenha pegado só o fim desse novo comentário, o locutor disse que o kaká falou mesmo para o Dunga como prefere jogar e como obtém melhores resultados. É isso aí, Galvão. Mandar recadinhos é coisa de meninas e de políticos. O resto da sociedade fala mesmo o que quer falar e ouve o que o outro tem a dizer. Sem “elocubrações”, sem masturbações mentais de quem não tem o que fazer.

Sempre com Muita classe

Há cerca de dois anos, em um bar aonde ia com alguma freqüência, um sujeito falava alto, cantava e incomodava todo mundo. Pedi para o maitre mandar o segurança dizer que ele estava incomodando todo mundo. O maitre falou que não podia porque o tal elemento tinha ganho, poucos dias antes, o Big Brother Brasil. Ora, por mais que eu não goste de um ou outro artista famoso, sou obrigado a agüentar eventuais saliências, exibicionismos, mas de Big Brother???? Tenha Paciência!!!

Amigo meu, proprietário do imóvel que abriga sofisticadíssimo restaurante em Cerqueira César, convidou-me,junto com um pequeno grupo, para jantar lá, poucos dias antes da cena “big brotherista”.

Já estávamos no salão principal, quando entram dois casais muito jovens. Eles também se acomodam e permanecem na mais absoluta discrição durante todo o tempo.

Admirado, pergunto para meus amigos:

– O que é que esses bebês estão fazendo em um restaurante caro desses???

O anfitrião me informa.

– Aquele mais alto ali é o Kaká.

Já um Big Brother da vida…